_________________________________________________________CAPÍTULO V
Ela
Senti me embrulhar o estomago de medo, minhas mãos
frias e minha garganta seca, parada na frente do prédio observando sem coragem
de entrar. Lembre-me de pensar no momento em que saia, que nunca mais pisaria
naquele lugar ou veria aquele homem que tanto tinha me magoado e agora estava ali,
entrando no prédio e na vida dele. Eu
tinha enlouquecido ou estava completamente apaixonada!
Respirei fundo e comecei a andar.
- Bom dia senhorita. – disse um estranho sorrindo –
Precisa de alguma coisa?
- Não. Estou apenas criando coragem para entrar. – respondi
sorrindo.
- Trabalha aqui? – perguntou curioso.
- Começo hoje. – disse gentilmente.
- Claro. Um rosto tão lindo eu jamais me esqueceria.
– disse rindo – E não precisa ter medo... Vai se dar bem aqui, prazer Marcelo.
– concluiu estendo a mão.
- Manoela, muito gentil da sua parte. – respondi o
elogio sorrindo.
- Se precisar de algo, sou um dos diretores. – falou
com malicia – Estou a sua disposição.
- Claro. Obrigada.
Havia gostado dele.
- Manoela... – chamou Enzo nos observando.
- Até mais. – despedi do Marcelo saindo em direção a
um Enzo bem estressado.
- O que foi? – perguntei de imediato.
- Não quero você perto dele – avisou friamente
- Como assim... Mas por quê?
- Ele é perigoso... Fique longe. – respondeu serio –
Marcelo Barbieri, irmão da Barbara, já lhe falei dele. – lembrou-me - Vamos. - concluiu
se colocando a andar.
Durante o caminho até sua sala não me disse nada,
estava frio e distante, era outro homem, um que não conhecia, isto fez-me
sentir medo, mas logo que a porta se fechou ele retirou da minha mente todas as
inseguranças, puxou-me rapidamente e com um beijo quente e demorado deixou-me
mole.
- Espero que goste de dias cheios. – disse
sentando-se em sua cadeira – Estou passando para você alguns casos complicados,
que são de minha responsabilidade, já estão na sua sala. - orientou com aquele
sorriso de lado que me deixava louca. - Acredito ser um bom começo.
- Estou ansiosa. – confessei sorrindo.
- Gosta de desafios senhorita? – perguntou com
malicia nos olhos.
- Adoro... – sorri mordendo os lábios.
Ele me excitava.
- Garota não faça isso... – ordenou – Vai deixar-me
louco, já estou até vendo a cena, você nua em cima da minha mesa.
Fiquei excitada com suas palavras e imaginando a cena...
Seria perfeito.
- Mas não fiz nada. – respondi torcendo o lábio.
Queria ser beijada, queria que ele tomasse-me em
seus braços. Não me controlava perto dele.
- Aqui não podemos... é difícil, mas vou
controlar-me. – avisou destruindo todas minhas expectativas.
Torci o lábio, ele tinha razão, não poderia misturar
as coisas estava ali para trabalhar.
- Você é minha assistente, portanto só deve
explicações a mim, não se preocupe com os outros. Com o tempo ira se acostumar
ao ritmo do escritório. Sua secretária ira lhe explicar como funcionam as
coisas por aqui, quem são os advogados associados, os assistentes, clientes e
diretores da empresa. Irá receber um cartão de credito e todos os outros
benefícios iguais de um associado, mesmo não sendo. E não discuta sobre isto. –
explicava seriamente enquanto chamava alguém pelo telefone.
Resolvi pela primeira vez, obedece-lo e não
questiona-lo sobre aqueles benefícios, mesmo não querendo nenhum deles.
- Qualquer duvida me procure ou peça ajuda ao
Caprielli. Ele é o advogado que mais confio neste escritório e ficou
encarregado de lhe ensinar, já que estou sem tempo ultimamente.
- Claro. – disse concordando com a cabeça.
- Este é José. – apresentou o homem pálido, imenso e
esquisito que entrou na sala – Meu braço direito em tudo, ele também está a sua
disposição. Boa sorte garota. – concluiu com um sorriso discreto.
- Obrigada. – agradeci me levantando e saindo.
Estava ansiosa para começar.
No meu triste primeiro dia não havia conhecido o
prédio e as pessoas, pois sai correndo quase que na mesma hora em que cheguei. Estava
encantada e fascinada por tudo ali, o complexo de prédios era imenso e a ala
criminal onde ficaria a maior parte do tempo, estava me excitando ainda mais. A
rotina do escritório era frenética, tinham muitos funcionários, muitos clientes
e muitos casos complicados.
O dia de trabalho não estava sendo nada ruim, na
verdade fazer o que amava, era ótimo, os casos que ele havia me passado era
difíceis e emocionantes. Estava começando a me sentir bem naquele lugar, minha
sala era elegante e aconchegante, ficava no andar abaixo do dele, junto com os
advogados associados. A Helen minha secretária era amável e muito educada, alguém
com quem poderia fazer amizade facilmente. Mas algumas pessoas me olhavam de uma
maneira diferente, imaginei que era pelo fato de ser novata em todos os
sentidos e pelos comentários sobre o Enzo nunca ter tido uma advogada
assistente antes.
- Sim. – disse atendendo ao telefone – Claro, já
estou indo. – respondi desligando, era ele chamando-me a sua sala.
Finalmente iria vê-lo.
- Como foi o dia? – perguntou assim que entrei.
Ele estava de pé observando a cidade pela imensa
parede de vidro.
- Curto. – respondi sorrindo – Estou animada.
- Que bom. – disse se aproximando – Precisei fazer
um esforço imenso para não ir a sua sala... – confessou passando os dedos em
meus lábios.
Senti uma tensão percorrer meu corpo, também havia
passado o dia todo querendo ser beijada, estava com saudades.
- Pensei em um jantar para comemorar seu primeiro
dia. – sugeriu ainda acariciando meus lábios.
- Claro, adoraria. – respondi sorrindo. – Mas... não
podemos ser visto juntos... e sua esposa? – indaguei confusa.
- Não pense nela, apenas em nós. – orientou. – Não se preocupe.
Mas minha mente ligeiramente insegura, não deu
ouvidos a suas palavras. Já estava pensando nela e preocupada, o que me deixava
triste.
- Enzo...
Não ouvi tempo para finalizar meu raciocínio, suas
mãos fortes já seguravam meu rosto... Finalmente fui beijada, um beijo
carinhoso e suave. Quando estava em seus braços sentia como se flutuasse, não
havia sensação melhor.
- Esteja pronta às 20:00hrs e prepare-se para dormir
fora está noite. – avisou soltando-me e sorrindo. – Estou ansioso.
Suas palavras deixaram atordoada em imaginar como
seria... Senti uma onde de calor percorrer meu corpo.
- Fale. – disse atendendo o celular, sua feição
havia mudado completamente. – Estou a caminho – finalizou desligando serio.
Parecia tenso, nervoso e que eu não estava lá.
- Tudo bem? – perguntei curiosa.
- Sim. – respondeu pegando algo na gaveta de sua
mesa – Nós vemos a noite. – finalizou saindo e deixando-me sozinha em sua sala.
Fiquei imóvel vendo a porta se fechar atrás dele,
estava confusa. Em poucos instantes ele havia mudado completamente, parecia
outro homem, estava estranho, frio e distante. Não pude evitar ficar
preocupada.
O que tinha
acontecido para deixa-lo tão diferente?
***
Enquanto me arrumava cuidadosamente, tentei me
concentrar ao máximo no dilema sobre minhas roupas e sobre meu cabelo, que por
ter ficado o dia todo preso insistia em não se comportar. Depois de horas de
frente ao espelho e com a ajuda da Elisa, havia escolhi por um vestido simples,
estilo vintage, rosa que me deixou delicada.
Estava fazendo um esforço imenso para não pensar
muito e conter minha mente voraz, mas estava difícil de não imaginar... Quem
havia ligado, onde ele estava e o que fazia. O porquê de mudar de repente. No fundo
da minha alma sentia que ele ainda escondia alguns segredos, que não tinha sido
completamente sincero sobre seu passado.
Sentada no sofá, esperava desinquieta e já um tanto
nervosa, as horas pareciam passar rapidamente, ele estava atrasado e nunca tinha
feito isto antes. A cada minuto, mais tensa ficava e mais minha mente viajava
para longe no universo das paranoias.
- Manu, acalme-se. – sugeriu Elisa observando meu
desespero.
- Estou preocupada... – confessei seria – Tem algo
errado. – comentei pegando meu celular e conferindo as horas, ele já estava
atrasado quase duas horas. – Vou ligar, deve...
As batidas na porta interromperam meu raciocínio e
coloquei-me de pé rapidamente.
- Desculpe o atraso. – pediu entrando assim que abri
a porta.
Ele tinha no rosto um sorriso que acalmou meu
coração, estava impecável como sempre e não demostrava sinal algum do homem
frio e distante de antes.
- Tudo bem? – perguntei curiosa enquanto o analisava
por completo.
- Sim. – respondeu beijando meus lábios com carinho
– Você está linda.
- Estava preocupada. – insisti, minha mente
continuava a mil.
- Tive um problema com o carro. – explicou –
Desculpe, deveria ter ligado.
Suas palavras não me convenceram.
- Vamos, estou faminto. – chamou mudando de assunto.
- Claro. – concordei, respirando fundo e saindo.
Durante todo caminho permanecemos calados, mas ele sempre
tocava em minha perna e sorria. Minha mente fervia de perguntas e logo iria
fazê-las, ele não iria escapar de me explicar o que tinha acontecido e de contar-me
seus segredos.
- Senhor Barbieri, é um prazer recebe-lo. –
cumprimentou o homem muito elegante que estava parado na entrada do restaurante
quando chegamos - Por favor, me acompanhe – orientou se colocando a andar.
Parei por alguns instantes perplexa, estávamos no
melhor restaurante da cidade e ele estava completamente vazio, havia apenas uma
mesa posta. Olhei confusa para o Enzo e ele sorriu, era como se lesse minha
mente.
- Como conseguiu fechar o restaurante só para nós? –
perguntei agitada quando me sentei.
- Tenho bons amigos. – respondeu sorrindo – Lhe
disse que não precisava se preocupar. - finalizou tocando minha mão levemente.
Uma onda de calor percorreu meu corpo, como sempre
acontecia quando ele me tocava.
- Senhor, seu pedido está pronto. – avisou o mesmo
homem que havia nos conduzido a mesa – Bom apetite – disse servindo-nos vinho e
a entrada que parecia deliciosa.
- Espero que goste. – comentou Enzo bebendo do vinho
– Pedi algumas de minhas comidas preferidas, venho sempre aqui.
Concordei com ele com um sorriso discreto, ainda
estava tensa. Minha mente estava lotada de duvidas.
- Está distante, o que houve? – perguntou pegando em
minha mão e olhando em meus olhos.
- Sinto que não o conheço. – confessei tremendo por
dentro – Que esconde segredos, que não é sempre honesto comigo... – despejei,
precisava de respostas.
- Todos têm segredos. – afirmou serio - Faça suas
perguntas. – disse soltando minha mão e voltando a beber.
Também tomei um gole generoso, minha boca estava
seca.
- Recebeu um telefone no escritório e saiu quase
correndo. O que realmente aconteceu?
- Um cliente estava com problemas. - respondeu ainda
serio, seus olhos pareciam me desafiar.
Não acreditava nele, algo me dizia que estava
mentindo.
- Enzo, você nunca se atrasa...
- Já justifiquei meu atraso, tive um problema
mecânico. – disse me interrompendo.
Senti vontade de sair correndo ou gritar para que
fosse honesto. Mas fiquei quieta e calada por alguns minutos observando-o, tentando
ler sua mente e desvendar seus mistérios.
- Era somente isto? – perguntou sorrindo de forma
provocante.
Aquele sorriso me desarmava.
- Se vamos ficar juntos, precisamos confiar um no
outro. Já começamos errado antes, desta vez não quero mentiras. Conte-me seus
segredos. – insisti respirando fundo.
Não queria invadir sua privacidade, muito menos
ofendê-lo, mas precisava conhecê-lo melhor, principalmente pelo fato de estar
completamente apaixonada.
- Tenho medo do que fará quando souber. – confessou
tenso, sua feição havia mudado, ele parecia triste.
Senti meu coração acelerar, podia ouvi-lo bater, aquelas
palavras deixaram-me assustada.
- Enzo, seja o que for, preciso saber... Preciso
conhecê-lo melhor. – pedi tentando me acalmar. – Seja honesto comigo.
- Existem coisas em minha vida das quais não me
orgulho... – desabafou tenso – E não quero falar sobre elas agora.
- Enzo...
- Precisa confiar em mim. – pediu interrompendo-me,
pegando novamente em minha mão e olhando em meus olhos – Entenda que não é
fácil falar sobre certos assuntos. No momento certo, vou me abrir. –explicou
ainda triste.
- Tudo bem. – concordei sorrindo timidamente.
Suas palavras deixaram minha mente ainda mais cheia
de duvidas e meu coração com medo. Mas mesmo com todas minhas indagações e
inseguranças, precisava entendê-lo e respeitar sua privacidade. Meus instintos
poderiam estar errados, ele poderia ter dito a verdade, seus segredos e seu
passado poderiam ser nada de mais... precisava confiar nele, acreditar que em algum
dia se sentiria completamente a vontade para se abrir comigo.
- Estamos aqui para comemorar seu primeiro dia
efetivamente como advogada criminal. – comentou voltando a sorrir.
Ele possuía uma facilidade imensa para mudar de
humor, eu não conseguia acompanhar seu ritmo.
Durante o jantar precisei fazer um esforço imenso
para afastar de meus pensamentos, aquelas inúmeras perguntas que ainda estavam
em aberto. Mas não pude deixar de admitir que tudo estava muito gostoso e
agradável, a comida era maravilhosa e o vinho fantástico. Ele se comportou com
sempre, delicado e sedutor... Então voltei a sorrir e rendi-me novamente ao seu
charme. Já estava me sentindo mais relaxada e confiante ao seu lado. O amava e
iria confiar nele.
- Ainda quer passar a noite ao meu lado? – perguntou
assim que entramos no carro.
Não perdi tempo com respostas, puxei seu rosto e
beijei seus lábios com desejo... Então não nos soltamos mais. Quando a porta do
apartamento se fechou ele pegou-me no colo e levou para o quarto, deitou-me na
cama com cuidado e começou a tirar suas roupas expondo seu corpo perfeito e seu
desejo. Lentamente abriu o zíper do meu vestido, tirando-o junto com minhas
peças intimas, deixando-me completamente nua.
Pegou uma fita de cetim que estava no criado mudo e
vendou meus olhos, estava inteiramente a sua mercê. Suas mãos apertavam forte
minha pele macia, explorando-me por completa. Beijou meu pescoço e foi
descendo, apreciando sem pressa alguma, todo meu corpo até chegar à parte mais
delicada...
- Enzo. – gemia de prazer com seus beijos.
Quando já não aguentava mais de desejo fez-me sua, o
encaixe era perfeito a sintonia surreal. Jamais outro homem tinha me amado como
ele, deixava-me completamente louca e satisfeita. Levou-me aos céus por inúmeras
vezes e me fez sentir sensações que não acreditava que existissem... E quando
pensei que tínhamos terminado levou-me para a piscina onde começamos novamente,
até meu corpo não aguentar mais. Era incansável, insaciável e estava me
deixando viciada nele. Naquela noite não dormimos e quando o sol nasceu já não
havia duvidas em minha mente.
- Seja honesta. – pediu colocando em minha frente à
bela refeição de café da manha que preparou e beijando minha bochecha com
carinho.
- Delicioso. – confessei ainda de boca cheia.
Ele cozinhava com excelência, assim como tudo que
fazia. Já eu, não sabia fritar nem um ovo sequer.
- Está linda. – comentou beijando-me os lábios.
- Deve ser sua camisa. – brinquei sorrindo enquanto
ainda comia.
Ele riu e beijou-me novamente.
Estávamos de pé encostados ao balcão da cozinha. Eu
usava apenas sua camisa branca e minhas peças intimas, ele estava somente com
uma bermuda.
Tinha no rosto um imenso sorriso que demonstrava
claramente o que estava sentindo dentro do meu coração.
- Precisamos nós apressar, não deve chegar atrasada
no seu segundo dia de trabalho. – avisou sorrindo.
- Sim senhor. – brinquei novamente, tirando sua
camisa e saindo, deixando-o sozinho.
Pude sentir seus olhos me acompanhando e ele não demorou
em vir ao meu encontro, puxou-me pelo braço e beijou-me com desejo.
- Se continuar a me provocar assim, não vai aparecer
no escritório hoje. – avisou tirando meu sutiã e beijando meu pescoço.
- Onde está seu profissionalismo... – disse me
soltando de seus braços e correndo para o quarto.
- Garota, não faça isto... Você vai me deixar louco.
– comentou rindo e voltando a me seguir.
Apressei-me em me arrumar, havia levado algumas
roupas e maquiagem para seu apartamento e elas foram minha salvação.
Em poucos minutos ambos estávamos prontos e saindo.
***
O primeiro mês de trabalho passou voando, fazia
exatamente o que gostava e já sentia-me bem mais a vontade com o pessoal do
escritório, todos estavam me tratando com respeito, mas ainda corriam algumas conversinhas
sobre meu envolvimento com Enzo, todos desconfiavam pela forma com que ele me
tratava. Trabalhava o dia todo praticamente sem vê-lo, mas quase todas as
noites passávamos juntos em seu apartamento e nos finais de semana sempre
estávamos colados. Se não fosse pelo fato de às vezes ele viajar e de encontrar
com a Barbara pelos corredores do escritório, diria que ele não era casado e
estaria completamente feliz.
- Precisa de algo Doutora? – perguntou Helen
entrando a sala – Já estou de saída. – avisou sorrindo e com gentileza no
olhar.
- Não, está tudo bem. Estou atolada nestes processos...
– não contive o riso sobre o meu quase desespero profissional.
O doutor Caprielli estava me ajudando muito com os
casos, mas ainda existiam muitas duvidas. A teoria que havia aprendido na
faculdade era bem diferente da pratica e teria meu primeiro júri em poucos
dias.
- Ah, tem sim. – falei a impedindo-a de sair - Posso
perguntar uma coisa?
- Claro. – respondeu ainda sorrindo.
- Parece que todos aqui têm medo do Enzo... Quero
dizer senhor Barbieri. Sabe o motivo? - perguntei curiosa, pois todos pareciam
evitar até falar dele.
- Ele é o presidente da empresa, não tenho muito o
que dizer a seu respeito. – respondeu timidamente.
- Fique tranquila esta conversa vai ficar apenas
entre nós. – avisei insistindo.
- Bom... quase não o vejo, ele é muito reservado e
não é um homem muito amigável. – respondeu timidamente. – Por favor, não diga
nada a ele. – suplicou fechando a porta da sala e se aproximando - Nunca o vi
tratar alguém como está tratando à doutora.
- Somos bons amigos e me chame pelo nome. Fique
despreocupada. – orientei acalmando-a, pois parecia nervosa.
- Não tenho muito tempo aqui no escritório, mas já
deu para perceber que é misterioso e correm muitos boatos sobre ele... alguns
sobre ele ser da máfia, mas eu diria que ele é perigoso, já o vi armado. –
concluiu sentando-se. – Às vezes acontecem reuniões sigilosas e meio suspeitas.
Também tem aquele guarda costas que esta sempre com ele... o José, ele é muito
estranho.
- Entendo. –
comentei pensativa – Pode ficar tranquila esta conversa vai ficar somente entre
nós duas e pode ir agora. Obrigada, até amanha. – despedi sorrindo e vendo-a
sair quase correndo.
Minhas duvidas voltaram imediatamente.
Tinha alguma coisa errada... Era um dos advogados
mais importantes do país, mas não o via se envolver em quase nenhum caso.
Estava sempre muito ocupado ou viajando e ainda insistia em não me contar seus
segredos, precisava desvendar seus mistérios. Estávamos nos relacionando há
meses e praticamente morando juntos, ele tinha que confiar em mim, caso
contrario não poderíamos mais continuar, mesmo que isto me destruísse por
dentro, não poderia ficar no escuro para sempre.
- Sim. – disse atendendo ao telefone e desligando-o
em seguida.
Ele finalmente tinha chegado, havia passado três
dias viajando, incomunicável. O que me deixou tensa e preocupada, não gostava
quando fazia isto.
- Enzo. – chamei abrindo a imensa e pesada porta de
madeira de sua sala.
Ele estava de pé, encostado na mesa, olhando-me
entrar, com seu sorriso provocador que tanto amava.
- Tudo bem? – perguntei curiosa caminhando ao seu
encontro.
- Estou com saudades. – avisou puxando rapidamente e
beijando-me com desejo.
Com uma das mãos segurava meu rosto, com a outra
apertava minha cintura. Seu beijo era voraz, intenso e inesquecível. Em poucos
instantes estava completamente derretida em seus braços e não havia mais traços
de duvidas em minha mente.
- Senti sua falta. – confessou assim que nós
soltamos.
- Também senti a sua... Detesto essas suas viagens.
– disse seria.
- Lamento, não posso evita-las. – avisou acariciando
meu rosto. - Como você está? – perguntou sorrindo.
- Bem, estou bastante animada – confessei alegre – Estes
casos que estou trabalhando agora são ótimos para que meu nome seja conhecido,
mas tenho minhas duvidas quanto se os clientes são inocentes. – disse pensativa
– Até gostaria de falar sobre isto com você, o caso Mordecai não terá um bom
resultado...
- De o seu melhor nesta defesa e fique tranquila,
ele saia livre de qualquer acusação. – avisou interrompendo-me serio.
- Não acredito que isto seja possível, vai pegar no
mínimo 12 anos, mesmo sendo réu primário e todos os outros atenuantes. – expliquei
– Enzo, ele sequestrou, estuprou e torturou a ex esposa por dias, antes de
mata-la. Estou enfrentando um conflito moral para defendê-lo. – desabafei
triste.
- Se quiser sair do caso, vou entendê-la. – avisou.
- Vai assumir?
- Não posso, vou passa-lo para o Caprielli. –
respondeu servindo-se de uísque. – As 24 horas que o dia possui são poucas para
mim. – comentou bebendo.
Não conseguia entender o motivo de sempre estar tão
ocupado, não estava atuando em nenhum caso.
- Sabe o que seria ótimo agora. – disse se
aproximando – Estarmos em outro lugar... – finalizou passando os dedos em meus
lábios.
Senti o desejo desabrochando em meu corpo, não
conseguia ficar perto dele sem deseja-lo.
Controle-se.
- A cada dia estou mais envolvido por você garota. –
confessou puxando-me pela cintura.
Olhou em meus olhos com desejo e beijou-me. Não
conseguia resistir a seus lábios saborosos, sucumbi... Com uma das mãos afastou
os objetos que estavam sobre a mesa, com a outra suspendeu meu corpo e
coloco-me sentada. As caricias e os beijos foram ficando mais fortes e
urgentes, sempre que ele viajava ficávamos desesperados um pelo outro.
Com um movimento rápido me desceu da mesa e se
afastou ajeitando suas roupas, quando ouviu as batidas na porta.
Eu estava atordoada e triste pela interrupção...
- Boa tarde meu amor. – disse Barbara entrando na
sala com um imenso sorriso nos lábios que foi desfeito quando olhou para nós.
Ela havia percebido. Minha garganta secou.
- Boa tarde senhorita... Como é mesmo seu nome? Não,
deixei para lá, não importa. – disse olhando-me com desprezo.
Sentia que não gostava muito de mim e lhe dava toda
razão, pois estava vivendo um romance avassalador com seu marido.
- Diga. – ordenou Enzo, serio.
Estava imóvel olhando fixamente para ela enquanto se
aproximava dele. Fechei meus olhos para não ver o beijo.
Não a beijei
agora, por favor. Agora não! Pedi em minha mente,
ele não poderia beija-la, ainda sentia o sabor de seus lábios em minha boca.
- Aqui não, estamos em ambiente de trabalho. –
orientou-a não permitindo que ela o beijasse.
Não contive o sorriso discreto, vendo a expressão de
raiva em sua face e pelo alivio que senti.
- Vim apenas para lembra-lo que é hoje a homenagem
para meu irmão, imaginei que tivesse esquecido. Também está convidada, afinal
todos do escritório estão. – disse olhando para mim com descaso – Vou deixa-los
trabalhar, o dia está quase se acabando – concluiu saindo seria e tensa.
Foi impossível o clima entre nos não mudar, a
presença dela me desconcentrava e inibia.
- Você está bem? – perguntou chegando perto de mim.
- Vou ficar. – respondi tristemente.
Só iria ficar bem o dia que ele a deixasse e fosse
um homem livre.
- Gostaria que fosse a festa. – disse sorrindo e
tocando minhas mãos.
- Não. Por quê? O que iria fazer lá? – indaguei
agitada e confusa.
- Dançar comigo. – respondeu beijando levemente meus
lábios e sorrindo. – Ouvi dizer que dança muito bem, pretendo conferir.
- Perdeu a noção do perigo? – insisti.
- Sou viciado no perigo. – respondeu com seu sorriso
provocador e beijou-me com desejo.
- Não vou! – afirmei confiante.
- Claro que vai, vou estar lhe esperando. – avisou
ainda sorrindo. – E você não vai se arrepender.
Ele era louco e estava me afundando completamente com
ele nesta loucura, não sabia explicar o que estava acontecendo comigo, não me
reconhecia, muito menos meus atos. O restante do dia tentei concentra-me ao
máximo no trabalho, mas não podia deixar de pensar nele e na festa em que insistia
que fosse. O que iria fazer lá? Onde estava à esposa dele e toda família dela. Eu
não iria!
***
Quando entrei na mansão fiquei por uns minutos
paralisada, analisando-a por completo. Possuía um imenso salão de festas o qual
estava perfeitamente decorado e lotado por pessoas sorridentes. A musica que
tocava era envolvente, senti vontade de dança-la, mas ao invés disto estava parada
em um canto junto à escada, as pessoas que passavam e me observavam com atenção,
isto fazia-me sentir mais envergonhada e constrangida ainda. Toda aquela
confiança que estava quando sai de casa no meu melhor vestido, um Channel longo,
preto de frente única e uma fenda do lado, tinha acabado. Lá estava eu perdida em meio aquela multidão.
Sentia-me uma completa idiota em ter ido e queria sair correndo imediatamente.
Podia ouvir meu coração bater acelerado e minha
respiração ofegante, estava muito nervosa.
O que tinha ido
fazer ali? Tinha enlouquecido totalmente.
- Perdida? – senti seu perfume inconfundível.
Ele estava atrás de mim.
- Já usou essa cantada antes. – afirmei virando-me e
sorrindo.
- E deu certo? – perguntou com aquele sorrido no
canto do lábio.
- Acho que sim. – respondi retribuindo o sorriso.
Ele estava impecável e provocante.
- Está fabulosa está noite. – elogio-me - Me concedi
essa dança? – perguntou ainda sorrindo.
Entreguei minha mão a ele sem relutar, pois já tinha
me entregado por inteira.
Deixei-me levar pelo ritmo lento da musica, uma
valsa, enquanto olhava fixamente em seus olhos e foi como se não houvesse mais
ninguém naquele salão... Éramos somente nos dois e a música, o mundo lá fora
havia deixado de existir.
Suas mãos
apertando-me fortemente a cintura, seu sorriso sedutor, meu vestido flutuando
no ar delicadamente quando ele girou-me revelando um pedaço de minha coxa, seus
lábios perto dos meus, seu perfume me embriagando, nossos olhares se
cruzando... O tempo parou em função de nosso amor!
Ele cochichou em meu ouvido que estava louco para
beijar-me e eu precisei me conter para não faze-lo.
- Você dança lindamente. – elogiou enquanto ainda
dançávamos.
- Obrigada. – agradeci sorrindo. - Nunca poderia
imaginar que você dançava. – comentei confusa.
- A família Barbieri se orgulha de sempre dançar de forma
tradicional em suas festas. Fui obrigado a aprender. – explicou rindo.
Com um movimento esticou o braço fazendo nossos
corpos se afastarem e puxou-me de volta, fazendo-me rodopiar e ficar colada a
ele, quando a musica parou. Precisei fazer um esforço imenso para não beija-lo,
minhas mãos estavam em seu pescoço e não contive de arranho-lo, estava ardendo
de desejo por dentro.
Meu sorriso entregava que estava extremamente feliz
e pouco me importando com os olhares curiosos, ele estava certo, eu jamais esqueceria
aquele momento.
- Quem é está encantadora senhorita? – perguntou o
senado Bitencourt se aproximando quando paramos de dançar e interrompendo o
clima entre nós.
Sabia exatamente quem ele era, um dos políticos mais
respeitados e futuro candidato a presidência do país.
- Manoela Vieira – Enzo respondeu com um sorriso torto
no rosto, tentando esconder o ciúme que estava nítido para mim.
- Muito prazer, Eduardo – apresentou-se sorrindo.
- O prazer é meu senador – retribui o cumprimento
também sorrindo.
- Dança comigo? – perguntou.
- Claro – respondi estendendo a mão.
Pude ver a raiva no rosto do Enzo e saber que ele
sentia ciúmes deixou-me feliz.
O senador era gentil, conversava e sorria,
deixando-me bem à vontade ao seu lado, pude notar seu interesse em mim, mas
minha mente e meus olhos estavam fixos no Enzo, aonde ele ia, com quem falava
ou dançava e quando o vi perto da linda Irina, senti o ciúmes percorrer meu
corpo, não gostava daquela mulher. Fiquei desconcentrada.
- Como foi à dança com o senador? – disse-me ao pé
do ouvido assim que o Eduardo se afastou.
Ele não fazia questão de esconder o ciúme.
- Não se compara a nossa. – respondi sorrindo
aliviada por novamente estar ao lado dele.
- Caso não tenha percebido, você é a sensação da festa.
– informou discretamente enquanto entregava-me uma taça de champanhe. – Fui
obrigado a dizer seu nome para pelo menos três cliente e dois amigos. –
confessou serio.
- Sinto uma pontada de ciúme em suas palavras? –
perguntei chegando mais perto.
- Não vou negar que a ideia de outro homem te
desejar ou tocar em você me enfurece. – confessou com a testa enrugada. –
Jamais permitiria isto, você é minha. – afirmou olhando em meus olhos. Senti um
frio percorrer minha espinha.
Não pude evitar me sentir feliz com aquelas palavras,
mas também como um objeto pela maneira que falou.
- Pensei que a sensação da festa era a Russa...
Irina. – comentei tensa, ela deixava-me constrangida e intimidada.
Ele riu.
- Ela é uma boa amiga. – respondeu sem dar muita
atenção ao meu ciúme. – Vem – chamou puxando-me para o centro do salão
novamente.
Todos nos olhavam curiosos, incluindo Barbara e
Irina que estavam serias, não contive o sorriso em vê-las. Enquanto dançarmos
sentia-me segura e confiante, não havia lugar melhor no mundo. Ele conduzia-me
firmemente, era um excelente dançarino e eu estava deixando-me levar. Dançar
fazia-me feliz e depois que havia me mudado para São Paulo não encontrei tempo
para tanto.
Ele permaneceu por mais alguns minutos ao meu lado
quando paramos de dançar e sempre que podia voltava para fazer-me companhia. A
noite estava muito agradável, conheci melhor algumas pessoas do escritório, uns
políticos, empresários, famosos e outros que nem conseguia imaginava quem
seriam ou faziam da vida.
- Poderia me acompanhar até em casa. – sugeri
maliciosa mordendo os lábios, quando ele se aproximou novamente.
Estava louca para beija-lo e principalmente para
colocar uma imensa distancia entre ele e Irina, ela não parava de olhar para ele
e eu não gostava dela.
- Infelizmente não tem como sair antes que está
festa termine, afinal sou o dono da casa. – explicou tocando minha mão com os
dedos discretamente. – Sabe o quanto queria passar está noite ao seu lado.
- É realmente uma pena... – suspirei lamentando –
Boa noite. – despedi começando a sair contrariada.
- Até amanha senhorita Vieira. – finalizou sorrindo
para mim e piscando.
Enquanto passava pela imensidão de pessoas, só
conseguia pensar no quanto estava alegre, que no final das contas a noite foi
melhor do que esperado, só não iria terminar exatamente como queria, nos braços
dele.
- Tenho algumas duvidas... – um gelo percorreu meu
corpo quando vi Barbara parada em minha frente.
– Você é amante do meu marido? Está apaixonada pelo ele?
As perguntas deixaram-me assustada, ela sabia.
- Eu... – balbuciei sem saber o que dizer.
- Manoela, é este seu nome. – disse sorrindo com
frieza – O Enzo sempre teve seus casinhos, mas ele sempre volta para mim, então
não se anime. Seus dias estão contados. – afirmou olhando-me de cima a baixo
como se me analisasse.
- Perdão, eu não...
- Não perca tempo tentando mentir ou disfarçar. –
avisou interrompendo-me – Vi a forma como olha para ele, como se comporta perto
dele. – analisou ainda observando-me dos pés a cabeça - Não passa de uma criança
e este casinho não vai durar muito. Ele está apenas se divertindo, como sempre
fez.
Minha mente estava fervendo, aquelas palavras
estavam me ferindo de uma forma devastadora.
- Não é a primeira vez que ele me traí, este salão
está lotado de ex amantes do meu marido e você não é rival para mim. – insistia
em continuar a me ofender. – Olhe-se no espelho.
- Barbara com todo respeito, melhor falar com ele. –
sugeri saindo desesperada.
Não pude evitar que as lágrimas caíssem, aquela
mulher causava-me arrepios e uma sensação ruim. Suas palavras me feriram muito
mais do que imaginava. Queria falar com ele, mas a única reação que consegui ter
foi sair correndo daquela mansão, sem olhar para trás.
Durante o caminho para casa uma chuva imensa começou
a cair e deixei que a raiva invadisse meu ser, não consegui evitar de lhe
mandar uma mensagem contando tudo o que aconteceu, cada palavra, cada ofensa e
dizer que precisava dele, que precisava ouvir de sua boca que me amava...
Queria muito conversar com alguém, mas ele ainda
estava na festa, Elisa em um encontro, só tinha a mim mesma. Deitada na cama
ouvia a chuva cair forte lá fora e aqui dentro minhas lagrimas. Não queria
admitir, mas ela me intimidava, tinha medo de perdê-lo.
- Enzo... –
respondi confusa enquanto ouvia me chamar, o
que ele fazia ali?
- Já vou. –
disse me levantando. Meus olhos se assustaram ao ver um Enzo todo molhado e
agitado quando abri a porta. – Tudo bem?
- Estava preocupado com você. Sua mensagem...
- Claro, entre. – o interrompi. – Não imaginei que
viria. – confessei sentando no sofá.
- Como não iria vir?! – indagou sentando-se ao meu
lado e pegando minha mão – Desculpe-me pelo que houve. O erro foi meu!
- Ela sabe? – perguntei agitada.
- Desconfia, estou sendo muito negligente e
descuidado. – explicou – Você está me enlouquecendo, não me controlo estando ao
seu lado – confessou beijando meus lábios com ternura e cuidado, enquanto suas
mãos seguravam meu rosto. – Eu te amo garota.
- Era tudo que precisava ouvir agora. – desabei em
seus braços – Não quero perde-lo. – confessei olhando em seus olhos com
tristeza.
- Não irá! Já estou a sua mercê. – confessou beijando-me
novamente – Vamos para o quarto. – falou se levantando e puxando-me pela mão.
Segurou meu rosto, olhou-me fixamente nos olhos por
alguns instantes e beijou-me fortemente enquanto enrolava os dedos em meus
cabelos soltos.
- Você pertence a mim e eu a você! – disse
seriamente interrompendo o beijo.
Tirou a camiseta molhada, que estava desenhando seu
peito forte, encostou-me a parede, pude sentir seu peito frio, levantou meus
braços tirou lentamente minha blusa, beijou meu pescoço e foi descendo,
desabotoou minha calça a tirou e jogou longe. Com os lábios quentes e as mãos
frias explorou meu corpo, apertando minha pele e fazendo-me gemer. Seus beijos
fora ficando mais urgentes, seu desejo muito evidente. Ele acariciava meu corpo
de forma selvagem, passei minhas unhas fortemente em suas costas a arranhando
quando tocou com os dedos a parte mais delicada do meu corpo... puxou
fortemente meu cabelo para trás expondo meu pescoço, que mordeu delicadamente e
foi descendo até chegar onde estavam sua mão... Somente depois de quase
fazer-me implorar, que me fez sua... Tínhamos o encaixe perfeito, o ritmo
perfeito... era surreal. Enlouqueci em seus braços novamente.
- Te amo. – gemia entre os beijos – você me ama? –
parou por um momento me observando.
- Claro, e muito Enzo Barbieri. – gritei sorrindo e
puxando seu rosto trazendo-o de volta para mim e o beijei com muito desejo.
E então começamos novamente.
Sentada em minha cama, exausta ouvindo o barulho da
chuva analisava o homem adormecido ao meu lado, sua pele alva, seu jeito arrogante,
seus cabelos negros, sua teimosia, seu corpo perfeito e todo tatuado que tinha
algumas cicatrizes... Sorri em pensar que o amava e na confusão que era estar
ao seu lado. Mas então me lembrei das palavras de sua esposa...
Será que o
conhecia?
Nossa relação não era nada convencional, na verdade
era bem difícil, existiam muitos contras e muito pouco a favor, mas tinha algo
que me prendia a ele, uma ligação que não conseguia explicar, uma urgência do
meu corpo e da minha alma. Eu o amava e valia o risco estar ao seu lado. De uma
forma toda errada ele era tudo que queria para mim, era a pessoa certa e não
estava mais preocupada com as outras pessoas.
Afinal quem sabe
exatamente o que é certo ou errado? Quem pode julgar? Estava
feliz, isto que importava.
Deitei-me em seu peito quente e adormeci, era ali
que queria estar!