terça-feira, 11 de agosto de 2015

Trechinho do Primeiro Capítulo do Livro sequencia: "De Olhos Abertos"

___________________________________________________________CAPÍTULO I
Ele

Abro meus olhos, mas tudo continua escuro! Nada faz sentido, estou confuso e não me lembro das ultimas horas... Respiro fundo, limpo meu rosto e olho-me no espelho. Minha face está destorcida, meu corpo está completamente machucado e coberto por sangue. Meu coração acelerado, meus ossos doem, sinto-me muito mal e cansado. Observo-me por alguns instantes e finalmente com muita dificuldade, minha memoria volta aos poucos...  Recuso-me a acreditar, estou preso, engaiolado como um animal... Paolo é o próprio demônio.
Minha mente insiste em lembra-se do tempo que passei na Itália.
Acorde... Ordenei, tentando manter a leve consciência que ainda possuía. Já não estava conseguindo distinguir, qual era a realidade; o passado ou o presente... Tudo estava embaçado, como em uma lente suja.
Sensações que nunca havia sentido antes, percorrem meu corpo, uma angustia em estado flutuante, uma dificuldade imensa para respirar e concentrar. Medo de perder o controle ou de enlouquecer... Medo de morrer. Não aconteceu exatamente como programei e ainda tinha muito a fazer.
“Concentre-se, Enzo.” A voz inconfundível do Lorenzo, invadia minha mente, confundindo-me. E novamente levando-me de volta no tempo, na primeira vez que fui à Itália.  
O ar da noite estava quente, o vento trazia a brisa molhada do mar. Reggio Calabria, a terra natal dele, a região de onde se teve origem, uma das maiores famílias de mafiosos... Fui apresentado aos Italianos, com apenas dezesseis anos de idade e não fazia a menor ideia de onde estava entrando. Sete anos depois, fui iniciado... Apresentado como um deles e naquela noite, tornei-me parte da família, da Máfia N’Drangheta e seu braço no Brasil. Quando peguei na mão de Paolo Barbieri, condenei minha alma e me tornei um demônio. Havia feito um pacto com o próprio diabo.
Podia ouvir sinos tocando, pombas voando, pessoas conversando. Havia uma multidão no Vaticano naquele dia. Mais um acordo fechado, mais um pedaço meu no inferno...
- Perdoe-me padre, porque eu pequei. – pedi ajoelhado, de olhos fechados.
Os pesos dos meus pecados estavam corroendo-me por dentro.
- Confesse e te arrependa de todo coração, que Deus irá lhe perdoar e salvar sua alma do tormento do inferno.
Pude ver seus olhos, por de trás da tela do confessionário, os observei por alguns instantes e depois ri, pois ele não fazia ideia...
- Minha alma não tem salvação, está condenada. – afirmei, levantando-me e saindo sem olhar para trás.
E novamente podia ouvir os sinos e outro som, bem ao longe, repetitivo e enjoativo, como uma única nota, tocando sem parar e só aumentando de volume...
“Acorde Enzo, ainda tem muito a fazer.” Era uma ordem e novamente ouvi o som repetitivo, agora mais forte... Mas ainda não estava conseguindo pensar direito, estava confuso e perturbado, meu corpo doía.
“Abra os olhos, deixe de ser fraco.” Então identifiquei o barulho insistente e enjoativo... Eram os aparelhos ligados ao meu corpo.

- O que aconteceu?- Sussurrei e pude ouvir minha voz, fraca e distante.

[...]

P.S.: Isto é apenas um pedacinho, tem muito mais em galera! 

sábado, 1 de agosto de 2015

Livro, De Olhos Fechados - Capítulo V


_________________________________________________________CAPÍTULO V

Ela

Senti me embrulhar o estomago de medo, minhas mãos frias e minha garganta seca, parada na frente do prédio observando sem coragem de entrar. Lembre-me de pensar no momento em que saia, que nunca mais pisaria naquele lugar ou veria aquele homem que tanto tinha me magoado e agora estava ali, entrando no prédio e na vida dele.  Eu tinha enlouquecido ou estava completamente apaixonada!
Respirei fundo e comecei a andar.
- Bom dia senhorita. – disse um estranho sorrindo – Precisa de alguma coisa?
- Não. Estou apenas criando coragem para entrar. – respondi sorrindo.
- Trabalha aqui? – perguntou curioso.
- Começo hoje. – disse gentilmente.
- Claro. Um rosto tão lindo eu jamais me esqueceria. – disse rindo – E não precisa ter medo... Vai se dar bem aqui, prazer Marcelo. – concluiu estendo a mão.
- Manoela, muito gentil da sua parte. – respondi o elogio sorrindo.
- Se precisar de algo, sou um dos diretores. – falou com malicia – Estou a sua disposição.
- Claro. Obrigada.
Havia gostado dele.
- Manoela... – chamou Enzo nos observando.
- Até mais. – despedi do Marcelo saindo em direção a um Enzo bem estressado.
- O que foi? – perguntei de imediato.
- Não quero você perto dele – avisou friamente
- Como assim... Mas por quê?
- Ele é perigoso... Fique longe. – respondeu serio – Marcelo Barbieri, irmão da Barbara, já lhe falei dele. – lembrou-me - Vamos. - concluiu se colocando a andar.
Durante o caminho até sua sala não me disse nada, estava frio e distante, era outro homem, um que não conhecia, isto fez-me sentir medo, mas logo que a porta se fechou ele retirou da minha mente todas as inseguranças, puxou-me rapidamente e com um beijo quente e demorado deixou-me mole.
- Espero que goste de dias cheios. – disse sentando-se em sua cadeira – Estou passando para você alguns casos complicados, que são de minha responsabilidade, já estão na sua sala. - orientou com aquele sorriso de lado que me deixava louca. - Acredito ser um bom começo.
- Estou ansiosa. – confessei sorrindo.
- Gosta de desafios senhorita? – perguntou com malicia nos olhos.
- Adoro... – sorri mordendo os lábios.
Ele me excitava.
- Garota não faça isso... – ordenou – Vai deixar-me louco, já estou até vendo a cena, você nua em cima da minha mesa.
Fiquei excitada com suas palavras e imaginando a cena... Seria perfeito.
- Mas não fiz nada. – respondi torcendo o lábio.
Queria ser beijada, queria que ele tomasse-me em seus braços. Não me controlava perto dele.
- Aqui não podemos... é difícil, mas vou controlar-me. – avisou destruindo todas minhas expectativas.
Torci o lábio, ele tinha razão, não poderia misturar as coisas estava ali para trabalhar.
- Você é minha assistente, portanto só deve explicações a mim, não se preocupe com os outros. Com o tempo ira se acostumar ao ritmo do escritório. Sua secretária ira lhe explicar como funcionam as coisas por aqui, quem são os advogados associados, os assistentes, clientes e diretores da empresa. Irá receber um cartão de credito e todos os outros benefícios iguais de um associado, mesmo não sendo. E não discuta sobre isto. – explicava seriamente enquanto chamava alguém pelo telefone.
Resolvi pela primeira vez, obedece-lo e não questiona-lo sobre aqueles benefícios, mesmo não querendo nenhum deles.
- Qualquer duvida me procure ou peça ajuda ao Caprielli. Ele é o advogado que mais confio neste escritório e ficou encarregado de lhe ensinar, já que estou sem tempo ultimamente.
- Claro. – disse concordando com a cabeça.
- Este é José. – apresentou o homem pálido, imenso e esquisito que entrou na sala – Meu braço direito em tudo, ele também está a sua disposição. Boa sorte garota. – concluiu com um sorriso discreto.
- Obrigada. – agradeci me levantando e saindo. Estava ansiosa para começar.
No meu triste primeiro dia não havia conhecido o prédio e as pessoas, pois sai correndo quase que na mesma hora em que cheguei. Estava encantada e fascinada por tudo ali, o complexo de prédios era imenso e a ala criminal onde ficaria a maior parte do tempo, estava me excitando ainda mais. A rotina do escritório era frenética, tinham muitos funcionários, muitos clientes e muitos casos complicados.
O dia de trabalho não estava sendo nada ruim, na verdade fazer o que amava, era ótimo, os casos que ele havia me passado era difíceis e emocionantes. Estava começando a me sentir bem naquele lugar, minha sala era elegante e aconchegante, ficava no andar abaixo do dele, junto com os advogados associados. A Helen minha secretária era amável e muito educada, alguém com quem poderia fazer amizade facilmente. Mas algumas pessoas me olhavam de uma maneira diferente, imaginei que era pelo fato de ser novata em todos os sentidos e pelos comentários sobre o Enzo nunca ter tido uma advogada assistente antes.
- Sim. – disse atendendo ao telefone – Claro, já estou indo. – respondi desligando, era ele chamando-me a sua sala.
Finalmente iria vê-lo.
- Como foi o dia? – perguntou assim que entrei.
Ele estava de pé observando a cidade pela imensa parede de vidro.
- Curto. – respondi sorrindo – Estou animada.
- Que bom. – disse se aproximando – Precisei fazer um esforço imenso para não ir a sua sala... – confessou passando os dedos em meus lábios.
Senti uma tensão percorrer meu corpo, também havia passado o dia todo querendo ser beijada, estava com saudades.
- Pensei em um jantar para comemorar seu primeiro dia. – sugeriu ainda acariciando meus lábios.
- Claro, adoraria. – respondi sorrindo. – Mas... não podemos ser visto juntos... e sua esposa? – indaguei confusa.
- Não pense nela, apenas em nós. – orientou.  – Não se preocupe.
Mas minha mente ligeiramente insegura, não deu ouvidos a suas palavras. Já estava pensando nela e preocupada, o que me deixava triste.
- Enzo...
Não ouvi tempo para finalizar meu raciocínio, suas mãos fortes já seguravam meu rosto... Finalmente fui beijada, um beijo carinhoso e suave. Quando estava em seus braços sentia como se flutuasse, não havia sensação melhor.
- Esteja pronta às 20:00hrs e prepare-se para dormir fora está noite. – avisou soltando-me e sorrindo. – Estou ansioso.
Suas palavras deixaram atordoada em imaginar como seria... Senti uma onde de calor percorrer meu corpo.
- Fale. – disse atendendo o celular, sua feição havia mudado completamente. – Estou a caminho – finalizou desligando serio.
Parecia tenso, nervoso e que eu não estava lá.
- Tudo bem? – perguntei curiosa.
- Sim. – respondeu pegando algo na gaveta de sua mesa – Nós vemos a noite. – finalizou saindo e deixando-me sozinha em sua sala.
Fiquei imóvel vendo a porta se fechar atrás dele, estava confusa. Em poucos instantes ele havia mudado completamente, parecia outro homem, estava estranho, frio e distante. Não pude evitar ficar preocupada.
O que tinha acontecido para deixa-lo tão diferente?
***
Enquanto me arrumava cuidadosamente, tentei me concentrar ao máximo no dilema sobre minhas roupas e sobre meu cabelo, que por ter ficado o dia todo preso insistia em não se comportar. Depois de horas de frente ao espelho e com a ajuda da Elisa, havia escolhi por um vestido simples, estilo vintage, rosa que me deixou delicada.
Estava fazendo um esforço imenso para não pensar muito e conter minha mente voraz, mas estava difícil de não imaginar... Quem havia ligado, onde ele estava e o que fazia. O porquê de mudar de repente. No fundo da minha alma sentia que ele ainda escondia alguns segredos, que não tinha sido completamente sincero sobre seu passado.
Sentada no sofá, esperava desinquieta e já um tanto nervosa, as horas pareciam passar rapidamente, ele estava atrasado e nunca tinha feito isto antes. A cada minuto, mais tensa ficava e mais minha mente viajava para longe no universo das paranoias.
- Manu, acalme-se. – sugeriu Elisa observando meu desespero.
- Estou preocupada... – confessei seria – Tem algo errado. – comentei pegando meu celular e conferindo as horas, ele já estava atrasado quase duas horas. – Vou ligar, deve...
As batidas na porta interromperam meu raciocínio e coloquei-me de pé rapidamente.
- Desculpe o atraso. – pediu entrando assim que abri a porta.
Ele tinha no rosto um sorriso que acalmou meu coração, estava impecável como sempre e não demostrava sinal algum do homem frio e distante de antes.
- Tudo bem? – perguntei curiosa enquanto o analisava por completo.
- Sim. – respondeu beijando meus lábios com carinho – Você está linda.
- Estava preocupada. – insisti, minha mente continuava a mil.
- Tive um problema com o carro. – explicou – Desculpe, deveria ter ligado.
Suas palavras não me convenceram.
- Vamos, estou faminto. – chamou mudando de assunto.
- Claro. – concordei, respirando fundo e saindo.
Durante todo caminho permanecemos calados, mas ele sempre tocava em minha perna e sorria. Minha mente fervia de perguntas e logo iria fazê-las, ele não iria escapar de me explicar o que tinha acontecido e de contar-me seus segredos.
- Senhor Barbieri, é um prazer recebe-lo. – cumprimentou o homem muito elegante que estava parado na entrada do restaurante quando chegamos - Por favor, me acompanhe – orientou se colocando a andar.
Parei por alguns instantes perplexa, estávamos no melhor restaurante da cidade e ele estava completamente vazio, havia apenas uma mesa posta. Olhei confusa para o Enzo e ele sorriu, era como se lesse minha mente.
- Como conseguiu fechar o restaurante só para nós? – perguntei agitada quando me sentei.
- Tenho bons amigos. – respondeu sorrindo – Lhe disse que não precisava se preocupar. - finalizou tocando minha mão levemente.
Uma onda de calor percorreu meu corpo, como sempre acontecia quando ele me tocava.
- Senhor, seu pedido está pronto. – avisou o mesmo homem que havia nos conduzido a mesa – Bom apetite – disse servindo-nos vinho e a entrada que parecia deliciosa.
- Espero que goste. – comentou Enzo bebendo do vinho – Pedi algumas de minhas comidas preferidas, venho sempre aqui.
Concordei com ele com um sorriso discreto, ainda estava tensa. Minha mente estava lotada de duvidas.
- Está distante, o que houve? – perguntou pegando em minha mão e olhando em meus olhos.
- Sinto que não o conheço. – confessei tremendo por dentro – Que esconde segredos, que não é sempre honesto comigo... – despejei, precisava de respostas.
- Todos têm segredos. – afirmou serio - Faça suas perguntas. – disse soltando minha mão e voltando a beber.
Também tomei um gole generoso, minha boca estava seca.
- Recebeu um telefone no escritório e saiu quase correndo. O que realmente aconteceu?
- Um cliente estava com problemas. - respondeu ainda serio, seus olhos pareciam me desafiar.
Não acreditava nele, algo me dizia que estava mentindo.
- Enzo, você nunca se atrasa...
- Já justifiquei meu atraso, tive um problema mecânico. – disse me interrompendo.
Senti vontade de sair correndo ou gritar para que fosse honesto. Mas fiquei quieta e calada por alguns minutos observando-o, tentando ler sua mente e desvendar seus mistérios.
- Era somente isto? – perguntou sorrindo de forma provocante.
Aquele sorriso me desarmava.
- Se vamos ficar juntos, precisamos confiar um no outro. Já começamos errado antes, desta vez não quero mentiras. Conte-me seus segredos. – insisti respirando fundo.
Não queria invadir sua privacidade, muito menos ofendê-lo, mas precisava conhecê-lo melhor, principalmente pelo fato de estar completamente apaixonada.
- Tenho medo do que fará quando souber. – confessou tenso, sua feição havia mudado, ele parecia triste.
Senti meu coração acelerar, podia ouvi-lo bater, aquelas palavras deixaram-me assustada.
- Enzo, seja o que for, preciso saber... Preciso conhecê-lo melhor. – pedi tentando me acalmar. – Seja honesto comigo.
- Existem coisas em minha vida das quais não me orgulho... – desabafou tenso – E não quero falar sobre elas agora.
- Enzo...
- Precisa confiar em mim. – pediu interrompendo-me, pegando novamente em minha mão e olhando em meus olhos – Entenda que não é fácil falar sobre certos assuntos. No momento certo, vou me abrir. –explicou ainda triste.
- Tudo bem. – concordei sorrindo timidamente.
Suas palavras deixaram minha mente ainda mais cheia de duvidas e meu coração com medo. Mas mesmo com todas minhas indagações e inseguranças, precisava entendê-lo e respeitar sua privacidade. Meus instintos poderiam estar errados, ele poderia ter dito a verdade, seus segredos e seu passado poderiam ser nada de mais... precisava confiar nele, acreditar que em algum dia se sentiria completamente a vontade para se abrir comigo.
- Estamos aqui para comemorar seu primeiro dia efetivamente como advogada criminal. – comentou voltando a sorrir.
Ele possuía uma facilidade imensa para mudar de humor, eu não conseguia acompanhar seu ritmo.
Durante o jantar precisei fazer um esforço imenso para afastar de meus pensamentos, aquelas inúmeras perguntas que ainda estavam em aberto. Mas não pude deixar de admitir que tudo estava muito gostoso e agradável, a comida era maravilhosa e o vinho fantástico. Ele se comportou com sempre, delicado e sedutor... Então voltei a sorrir e rendi-me novamente ao seu charme. Já estava me sentindo mais relaxada e confiante ao seu lado. O amava e iria confiar nele.
- Ainda quer passar a noite ao meu lado? – perguntou assim que entramos no carro.
Não perdi tempo com respostas, puxei seu rosto e beijei seus lábios com desejo... Então não nos soltamos mais. Quando a porta do apartamento se fechou ele pegou-me no colo e levou para o quarto, deitou-me na cama com cuidado e começou a tirar suas roupas expondo seu corpo perfeito e seu desejo. Lentamente abriu o zíper do meu vestido, tirando-o junto com minhas peças intimas, deixando-me completamente nua.
Pegou uma fita de cetim que estava no criado mudo e vendou meus olhos, estava inteiramente a sua mercê. Suas mãos apertavam forte minha pele macia, explorando-me por completa. Beijou meu pescoço e foi descendo, apreciando sem pressa alguma, todo meu corpo até chegar à parte mais delicada...
- Enzo. – gemia de prazer com seus beijos.
Quando já não aguentava mais de desejo fez-me sua, o encaixe era perfeito a sintonia surreal. Jamais outro homem tinha me amado como ele, deixava-me completamente louca e satisfeita. Levou-me aos céus por inúmeras vezes e me fez sentir sensações que não acreditava que existissem... E quando pensei que tínhamos terminado levou-me para a piscina onde começamos novamente, até meu corpo não aguentar mais. Era incansável, insaciável e estava me deixando viciada nele. Naquela noite não dormimos e quando o sol nasceu já não havia duvidas em minha mente.
- Seja honesta. – pediu colocando em minha frente à bela refeição de café da manha que preparou e beijando minha bochecha com carinho.
- Delicioso. – confessei ainda de boca cheia.
Ele cozinhava com excelência, assim como tudo que fazia. Já eu, não sabia fritar nem um ovo sequer.
- Está linda. – comentou beijando-me os lábios.
- Deve ser sua camisa. – brinquei sorrindo enquanto ainda comia.
Ele riu e beijou-me novamente.
Estávamos de pé encostados ao balcão da cozinha. Eu usava apenas sua camisa branca e minhas peças intimas, ele estava somente com uma bermuda.
Tinha no rosto um imenso sorriso que demonstrava claramente o que estava sentindo dentro do meu coração.
- Precisamos nós apressar, não deve chegar atrasada no seu segundo dia de trabalho. – avisou sorrindo.
- Sim senhor. – brinquei novamente, tirando sua camisa e saindo, deixando-o sozinho.
Pude sentir seus olhos me acompanhando e ele não demorou em vir ao meu encontro, puxou-me pelo braço e beijou-me com desejo.
- Se continuar a me provocar assim, não vai aparecer no escritório hoje. – avisou tirando meu sutiã e beijando meu pescoço.
- Onde está seu profissionalismo... – disse me soltando de seus braços e correndo para o quarto.
- Garota, não faça isto... Você vai me deixar louco. – comentou rindo e voltando a me seguir.
Apressei-me em me arrumar, havia levado algumas roupas e maquiagem para seu apartamento e elas foram minha salvação.
Em poucos minutos ambos estávamos prontos e saindo.
***
O primeiro mês de trabalho passou voando, fazia exatamente o que gostava e já sentia-me bem mais a vontade com o pessoal do escritório, todos estavam me tratando com respeito, mas ainda corriam algumas conversinhas sobre meu envolvimento com Enzo, todos desconfiavam pela forma com que ele me tratava. Trabalhava o dia todo praticamente sem vê-lo, mas quase todas as noites passávamos juntos em seu apartamento e nos finais de semana sempre estávamos colados. Se não fosse pelo fato de às vezes ele viajar e de encontrar com a Barbara pelos corredores do escritório, diria que ele não era casado e estaria completamente feliz.
- Precisa de algo Doutora? – perguntou Helen entrando a sala – Já estou de saída. – avisou sorrindo e com gentileza no olhar.
- Não, está tudo bem. Estou atolada nestes processos... – não contive o riso sobre o meu quase desespero profissional.
O doutor Caprielli estava me ajudando muito com os casos, mas ainda existiam muitas duvidas. A teoria que havia aprendido na faculdade era bem diferente da pratica e teria meu primeiro júri em poucos dias.
- Ah, tem sim. – falei a impedindo-a de sair - Posso perguntar uma coisa?
- Claro. – respondeu ainda sorrindo.
- Parece que todos aqui têm medo do Enzo... Quero dizer senhor Barbieri. Sabe o motivo? - perguntei curiosa, pois todos pareciam evitar até falar dele.
- Ele é o presidente da empresa, não tenho muito o que dizer a seu respeito. – respondeu timidamente.
- Fique tranquila esta conversa vai ficar apenas entre nós. – avisei insistindo.
- Bom... quase não o vejo, ele é muito reservado e não é um homem muito amigável. – respondeu timidamente. – Por favor, não diga nada a ele. – suplicou fechando a porta da sala e se aproximando - Nunca o vi tratar alguém como está tratando à doutora.
- Somos bons amigos e me chame pelo nome. Fique despreocupada. – orientei acalmando-a, pois parecia nervosa.
- Não tenho muito tempo aqui no escritório, mas já deu para perceber que é misterioso e correm muitos boatos sobre ele... alguns sobre ele ser da máfia, mas eu diria que ele é perigoso, já o vi armado. – concluiu sentando-se. – Às vezes acontecem reuniões sigilosas e meio suspeitas. Também tem aquele guarda costas que esta sempre com ele... o José, ele é muito estranho.
- Entendo.  – comentei pensativa – Pode ficar tranquila esta conversa vai ficar somente entre nós duas e pode ir agora. Obrigada, até amanha. – despedi sorrindo e vendo-a sair quase correndo.
Minhas duvidas voltaram imediatamente.
Tinha alguma coisa errada... Era um dos advogados mais importantes do país, mas não o via se envolver em quase nenhum caso. Estava sempre muito ocupado ou viajando e ainda insistia em não me contar seus segredos, precisava desvendar seus mistérios. Estávamos nos relacionando há meses e praticamente morando juntos, ele tinha que confiar em mim, caso contrario não poderíamos mais continuar, mesmo que isto me destruísse por dentro, não poderia ficar no escuro para sempre.
- Sim. – disse atendendo ao telefone e desligando-o em seguida.
Ele finalmente tinha chegado, havia passado três dias viajando, incomunicável. O que me deixou tensa e preocupada, não gostava quando fazia isto.
- Enzo. – chamei abrindo a imensa e pesada porta de madeira de sua sala.
Ele estava de pé, encostado na mesa, olhando-me entrar, com seu sorriso provocador que tanto amava.
- Tudo bem? – perguntei curiosa caminhando ao seu encontro.
- Estou com saudades. – avisou puxando rapidamente e beijando-me com desejo.
Com uma das mãos segurava meu rosto, com a outra apertava minha cintura. Seu beijo era voraz, intenso e inesquecível. Em poucos instantes estava completamente derretida em seus braços e não havia mais traços de duvidas em minha mente.
- Senti sua falta. – confessou assim que nós soltamos.
- Também senti a sua... Detesto essas suas viagens. – disse seria.
- Lamento, não posso evita-las. – avisou acariciando meu rosto. - Como você está? – perguntou sorrindo.
- Bem, estou bastante animada – confessei alegre – Estes casos que estou trabalhando agora são ótimos para que meu nome seja conhecido, mas tenho minhas duvidas quanto se os clientes são inocentes. – disse pensativa – Até gostaria de falar sobre isto com você, o caso Mordecai não terá um bom resultado...
- De o seu melhor nesta defesa e fique tranquila, ele saia livre de qualquer acusação. – avisou interrompendo-me serio.
- Não acredito que isto seja possível, vai pegar no mínimo 12 anos, mesmo sendo réu primário e todos os outros atenuantes. – expliquei – Enzo, ele sequestrou, estuprou e torturou a ex esposa por dias, antes de mata-la. Estou enfrentando um conflito moral para defendê-lo. – desabafei triste.
- Se quiser sair do caso, vou entendê-la. – avisou.
- Vai assumir?
- Não posso, vou passa-lo para o Caprielli. – respondeu servindo-se de uísque. – As 24 horas que o dia possui são poucas para mim. – comentou bebendo.
Não conseguia entender o motivo de sempre estar tão ocupado, não estava atuando em nenhum caso.
- Sabe o que seria ótimo agora. – disse se aproximando – Estarmos em outro lugar... – finalizou passando os dedos em meus lábios.
Senti o desejo desabrochando em meu corpo, não conseguia ficar perto dele sem deseja-lo.
Controle-se.
- A cada dia estou mais envolvido por você garota. – confessou puxando-me pela cintura.
Olhou em meus olhos com desejo e beijou-me. Não conseguia resistir a seus lábios saborosos, sucumbi... Com uma das mãos afastou os objetos que estavam sobre a mesa, com a outra suspendeu meu corpo e coloco-me sentada. As caricias e os beijos foram ficando mais fortes e urgentes, sempre que ele viajava ficávamos desesperados um pelo outro.
Com um movimento rápido me desceu da mesa e se afastou ajeitando suas roupas, quando ouviu as batidas na porta.
Eu estava atordoada e triste pela interrupção...
- Boa tarde meu amor. – disse Barbara entrando na sala com um imenso sorriso nos lábios que foi desfeito quando olhou para nós.
Ela havia percebido. Minha garganta secou.
- Boa tarde senhorita... Como é mesmo seu nome? Não, deixei para lá, não importa. – disse olhando-me com desprezo.
Sentia que não gostava muito de mim e lhe dava toda razão, pois estava vivendo um romance avassalador com seu marido.
- Diga. – ordenou Enzo, serio.
Estava imóvel olhando fixamente para ela enquanto se aproximava dele. Fechei meus olhos para não ver o beijo.
Não a beijei agora, por favor. Agora não! Pedi em minha mente, ele não poderia beija-la, ainda sentia o sabor de seus lábios em minha boca.
- Aqui não, estamos em ambiente de trabalho. – orientou-a não permitindo que ela o beijasse.
Não contive o sorriso discreto, vendo a expressão de raiva em sua face e pelo alivio que senti.
- Vim apenas para lembra-lo que é hoje a homenagem para meu irmão, imaginei que tivesse esquecido. Também está convidada, afinal todos do escritório estão. – disse olhando para mim com descaso – Vou deixa-los trabalhar, o dia está quase se acabando – concluiu saindo seria e tensa.
Foi impossível o clima entre nos não mudar, a presença dela me desconcentrava e inibia.
- Você está bem? – perguntou chegando perto de mim.
- Vou ficar. – respondi tristemente.
Só iria ficar bem o dia que ele a deixasse e fosse um homem livre.
- Gostaria que fosse a festa. – disse sorrindo e tocando minhas mãos.
- Não. Por quê? O que iria fazer lá? – indaguei agitada e confusa.
- Dançar comigo. – respondeu beijando levemente meus lábios e sorrindo. – Ouvi dizer que dança muito bem, pretendo conferir.
- Perdeu a noção do perigo? – insisti.
- Sou viciado no perigo. – respondeu com seu sorriso provocador e beijou-me com desejo.
- Não vou! – afirmei confiante.
- Claro que vai, vou estar lhe esperando. – avisou ainda sorrindo. – E você não vai se arrepender.
Ele era louco e estava me afundando completamente com ele nesta loucura, não sabia explicar o que estava acontecendo comigo, não me reconhecia, muito menos meus atos. O restante do dia tentei concentra-me ao máximo no trabalho, mas não podia deixar de pensar nele e na festa em que insistia que fosse. O que iria fazer lá? Onde estava à esposa dele e toda família dela. Eu não iria!
***
Quando entrei na mansão fiquei por uns minutos paralisada, analisando-a por completo. Possuía um imenso salão de festas o qual estava perfeitamente decorado e lotado por pessoas sorridentes. A musica que tocava era envolvente, senti vontade de dança-la, mas ao invés disto estava parada em um canto junto à escada, as pessoas que passavam e me observavam com atenção, isto fazia-me sentir mais envergonhada e constrangida ainda. Toda aquela confiança que estava quando sai de casa no meu melhor vestido, um Channel longo, preto de frente única e uma fenda do lado, tinha acabado.  Lá estava eu perdida em meio aquela multidão. Sentia-me uma completa idiota em ter ido e queria sair correndo imediatamente.
Podia ouvir meu coração bater acelerado e minha respiração ofegante, estava muito nervosa.
O que tinha ido fazer ali? Tinha enlouquecido totalmente.
- Perdida? – senti seu perfume inconfundível.
Ele estava atrás de mim.
- Já usou essa cantada antes. – afirmei virando-me e sorrindo.
- E deu certo? – perguntou com aquele sorrido no canto do lábio.
- Acho que sim. – respondi retribuindo o sorriso.
Ele estava impecável e provocante.
- Está fabulosa está noite. – elogio-me - Me concedi essa dança? – perguntou ainda sorrindo.
Entreguei minha mão a ele sem relutar, pois já tinha me entregado por inteira.
Deixei-me levar pelo ritmo lento da musica, uma valsa, enquanto olhava fixamente em seus olhos e foi como se não houvesse mais ninguém naquele salão... Éramos somente nos dois e a música, o mundo lá fora havia deixado de existir.
 Suas mãos apertando-me fortemente a cintura, seu sorriso sedutor, meu vestido flutuando no ar delicadamente quando ele girou-me revelando um pedaço de minha coxa, seus lábios perto dos meus, seu perfume me embriagando, nossos olhares se cruzando... O tempo parou em função de nosso amor!
Ele cochichou em meu ouvido que estava louco para beijar-me e eu precisei me conter para não faze-lo.
- Você dança lindamente. – elogiou enquanto ainda dançávamos.
- Obrigada. – agradeci sorrindo. - Nunca poderia imaginar que você dançava. – comentei confusa.
- A família Barbieri se orgulha de sempre dançar de forma tradicional em suas festas. Fui obrigado a aprender. – explicou rindo.
Com um movimento esticou o braço fazendo nossos corpos se afastarem e puxou-me de volta, fazendo-me rodopiar e ficar colada a ele, quando a musica parou. Precisei fazer um esforço imenso para não beija-lo, minhas mãos estavam em seu pescoço e não contive de arranho-lo, estava ardendo de desejo por dentro.
Meu sorriso entregava que estava extremamente feliz e pouco me importando com os olhares curiosos, ele estava certo, eu jamais esqueceria aquele momento.
- Quem é está encantadora senhorita? – perguntou o senado Bitencourt se aproximando quando paramos de dançar e interrompendo o clima entre nós.
Sabia exatamente quem ele era, um dos políticos mais respeitados e futuro candidato a presidência do país.
- Manoela Vieira – Enzo respondeu com um sorriso torto no rosto, tentando esconder o ciúme que estava nítido para mim.
- Muito prazer, Eduardo – apresentou-se sorrindo.
- O prazer é meu senador – retribui o cumprimento também sorrindo.
- Dança comigo? – perguntou.
- Claro – respondi estendendo a mão.
Pude ver a raiva no rosto do Enzo e saber que ele sentia ciúmes deixou-me feliz.
O senador era gentil, conversava e sorria, deixando-me bem à vontade ao seu lado, pude notar seu interesse em mim, mas minha mente e meus olhos estavam fixos no Enzo, aonde ele ia, com quem falava ou dançava e quando o vi perto da linda Irina, senti o ciúmes percorrer meu corpo, não gostava daquela mulher. Fiquei desconcentrada.
- Como foi à dança com o senador? – disse-me ao pé do ouvido assim que o Eduardo se afastou.
Ele não fazia questão de esconder o ciúme.
- Não se compara a nossa. – respondi sorrindo aliviada por novamente estar ao lado dele.
- Caso não tenha percebido, você é a sensação da festa. – informou discretamente enquanto entregava-me uma taça de champanhe. – Fui obrigado a dizer seu nome para pelo menos três cliente e dois amigos. – confessou serio.
- Sinto uma pontada de ciúme em suas palavras? – perguntei chegando mais perto.
- Não vou negar que a ideia de outro homem te desejar ou tocar em você me enfurece. – confessou com a testa enrugada. – Jamais permitiria isto, você é minha. – afirmou olhando em meus olhos. Senti um frio percorrer minha espinha.
Não pude evitar me sentir feliz com aquelas palavras, mas também como um objeto pela maneira que falou.
- Pensei que a sensação da festa era a Russa... Irina. – comentei tensa, ela deixava-me constrangida e intimidada.
Ele riu.
- Ela é uma boa amiga. – respondeu sem dar muita atenção ao meu ciúme. – Vem – chamou puxando-me para o centro do salão novamente.
Todos nos olhavam curiosos, incluindo Barbara e Irina que estavam serias, não contive o sorriso em vê-las. Enquanto dançarmos sentia-me segura e confiante, não havia lugar melhor no mundo. Ele conduzia-me firmemente, era um excelente dançarino e eu estava deixando-me levar. Dançar fazia-me feliz e depois que havia me mudado para São Paulo não encontrei tempo para tanto.
Ele permaneceu por mais alguns minutos ao meu lado quando paramos de dançar e sempre que podia voltava para fazer-me companhia. A noite estava muito agradável, conheci melhor algumas pessoas do escritório, uns políticos, empresários, famosos e outros que nem conseguia imaginava quem seriam ou faziam da vida.
- Poderia me acompanhar até em casa. – sugeri maliciosa mordendo os lábios, quando ele se aproximou novamente.
Estava louca para beija-lo e principalmente para colocar uma imensa distancia entre ele e Irina, ela não parava de olhar para ele e eu não gostava dela.
- Infelizmente não tem como sair antes que está festa termine, afinal sou o dono da casa. – explicou tocando minha mão com os dedos discretamente. – Sabe o quanto queria passar está noite ao seu lado.
- É realmente uma pena... – suspirei lamentando – Boa noite. – despedi começando a sair contrariada.
- Até amanha senhorita Vieira. – finalizou sorrindo para mim e piscando.
Enquanto passava pela imensidão de pessoas, só conseguia pensar no quanto estava alegre, que no final das contas a noite foi melhor do que esperado, só não iria terminar exatamente como queria, nos braços dele.
- Tenho algumas duvidas... – um gelo percorreu meu corpo quando vi Barbara parada em minha frente.  – Você é amante do meu marido? Está apaixonada pelo ele?
As perguntas deixaram-me assustada, ela sabia.
- Eu... – balbuciei sem saber o que dizer.
- Manoela, é este seu nome. – disse sorrindo com frieza – O Enzo sempre teve seus casinhos, mas ele sempre volta para mim, então não se anime. Seus dias estão contados. – afirmou olhando-me de cima a baixo como se me analisasse.
- Perdão, eu não...
- Não perca tempo tentando mentir ou disfarçar. – avisou interrompendo-me – Vi a forma como olha para ele, como se comporta perto dele. – analisou ainda observando-me dos pés a cabeça - Não passa de uma criança e este casinho não vai durar muito. Ele está apenas se divertindo, como sempre fez.
Minha mente estava fervendo, aquelas palavras estavam me ferindo de uma forma devastadora.
- Não é a primeira vez que ele me traí, este salão está lotado de ex amantes do meu marido e você não é rival para mim. – insistia em continuar a me ofender. – Olhe-se no espelho.
- Barbara com todo respeito, melhor falar com ele. – sugeri saindo desesperada.
Não pude evitar que as lágrimas caíssem, aquela mulher causava-me arrepios e uma sensação ruim. Suas palavras me feriram muito mais do que imaginava. Queria falar com ele, mas a única reação que consegui ter foi sair correndo daquela mansão, sem olhar para trás.
Durante o caminho para casa uma chuva imensa começou a cair e deixei que a raiva invadisse meu ser, não consegui evitar de lhe mandar uma mensagem contando tudo o que aconteceu, cada palavra, cada ofensa e dizer que precisava dele, que precisava ouvir de sua boca que me amava...
Queria muito conversar com alguém, mas ele ainda estava na festa, Elisa em um encontro, só tinha a mim mesma. Deitada na cama ouvia a chuva cair forte lá fora e aqui dentro minhas lagrimas. Não queria admitir, mas ela me intimidava, tinha medo de perdê-lo.
- Enzo...  – respondi confusa enquanto ouvia me chamar, o que ele fazia ali?
 - Já vou. – disse me levantando. Meus olhos se assustaram ao ver um Enzo todo molhado e agitado quando abri a porta. – Tudo bem?
- Estava preocupado com você. Sua mensagem...
- Claro, entre. – o interrompi. – Não imaginei que viria. – confessei sentando no sofá.
- Como não iria vir?! – indagou sentando-se ao meu lado e pegando minha mão – Desculpe-me pelo que houve. O erro foi meu!
- Ela sabe? – perguntei agitada.
- Desconfia, estou sendo muito negligente e descuidado. – explicou – Você está me enlouquecendo, não me controlo estando ao seu lado – confessou beijando meus lábios com ternura e cuidado, enquanto suas mãos seguravam meu rosto. – Eu te amo garota.
- Era tudo que precisava ouvir agora. – desabei em seus braços – Não quero perde-lo. – confessei olhando em seus olhos com tristeza.
- Não irá! Já estou a sua mercê. – confessou beijando-me novamente – Vamos para o quarto. – falou se levantando e puxando-me pela mão.
Segurou meu rosto, olhou-me fixamente nos olhos por alguns instantes e beijou-me fortemente enquanto enrolava os dedos em meus cabelos soltos.
- Você pertence a mim e eu a você! – disse seriamente interrompendo o beijo.
Tirou a camiseta molhada, que estava desenhando seu peito forte, encostou-me a parede, pude sentir seu peito frio, levantou meus braços tirou lentamente minha blusa, beijou meu pescoço e foi descendo, desabotoou minha calça a tirou e jogou longe. Com os lábios quentes e as mãos frias explorou meu corpo, apertando minha pele e fazendo-me gemer. Seus beijos fora ficando mais urgentes, seu desejo muito evidente. Ele acariciava meu corpo de forma selvagem, passei minhas unhas fortemente em suas costas a arranhando quando tocou com os dedos a parte mais delicada do meu corpo... puxou fortemente meu cabelo para trás expondo meu pescoço, que mordeu delicadamente e foi descendo até chegar onde estavam sua mão... Somente depois de quase fazer-me implorar, que me fez sua... Tínhamos o encaixe perfeito, o ritmo perfeito... era surreal. Enlouqueci em seus braços novamente.
- Te amo. – gemia entre os beijos – você me ama? – parou por um momento me observando.
- Claro, e muito Enzo Barbieri. – gritei sorrindo e puxando seu rosto trazendo-o de volta para mim e o beijei com muito desejo.
E então começamos novamente.
Sentada em minha cama, exausta ouvindo o barulho da chuva analisava o homem adormecido ao meu lado, sua pele alva, seu jeito arrogante, seus cabelos negros, sua teimosia, seu corpo perfeito e todo tatuado que tinha algumas cicatrizes... Sorri em pensar que o amava e na confusão que era estar ao seu lado. Mas então me lembrei das palavras de sua esposa...
Será que o conhecia?
Nossa relação não era nada convencional, na verdade era bem difícil, existiam muitos contras e muito pouco a favor, mas tinha algo que me prendia a ele, uma ligação que não conseguia explicar, uma urgência do meu corpo e da minha alma. Eu o amava e valia o risco estar ao seu lado. De uma forma toda errada ele era tudo que queria para mim, era a pessoa certa e não estava mais preocupada com as outras pessoas.
Afinal quem sabe exatamente o que é certo ou errado? Quem pode julgar? Estava feliz, isto que importava.

Deitei-me em seu peito quente e adormeci, era ali que queria estar!