terça-feira, 11 de agosto de 2015

Trechinho do Primeiro Capítulo do Livro sequencia: "De Olhos Abertos"

___________________________________________________________CAPÍTULO I
Ele

Abro meus olhos, mas tudo continua escuro! Nada faz sentido, estou confuso e não me lembro das ultimas horas... Respiro fundo, limpo meu rosto e olho-me no espelho. Minha face está destorcida, meu corpo está completamente machucado e coberto por sangue. Meu coração acelerado, meus ossos doem, sinto-me muito mal e cansado. Observo-me por alguns instantes e finalmente com muita dificuldade, minha memoria volta aos poucos...  Recuso-me a acreditar, estou preso, engaiolado como um animal... Paolo é o próprio demônio.
Minha mente insiste em lembra-se do tempo que passei na Itália.
Acorde... Ordenei, tentando manter a leve consciência que ainda possuía. Já não estava conseguindo distinguir, qual era a realidade; o passado ou o presente... Tudo estava embaçado, como em uma lente suja.
Sensações que nunca havia sentido antes, percorrem meu corpo, uma angustia em estado flutuante, uma dificuldade imensa para respirar e concentrar. Medo de perder o controle ou de enlouquecer... Medo de morrer. Não aconteceu exatamente como programei e ainda tinha muito a fazer.
“Concentre-se, Enzo.” A voz inconfundível do Lorenzo, invadia minha mente, confundindo-me. E novamente levando-me de volta no tempo, na primeira vez que fui à Itália.  
O ar da noite estava quente, o vento trazia a brisa molhada do mar. Reggio Calabria, a terra natal dele, a região de onde se teve origem, uma das maiores famílias de mafiosos... Fui apresentado aos Italianos, com apenas dezesseis anos de idade e não fazia a menor ideia de onde estava entrando. Sete anos depois, fui iniciado... Apresentado como um deles e naquela noite, tornei-me parte da família, da Máfia N’Drangheta e seu braço no Brasil. Quando peguei na mão de Paolo Barbieri, condenei minha alma e me tornei um demônio. Havia feito um pacto com o próprio diabo.
Podia ouvir sinos tocando, pombas voando, pessoas conversando. Havia uma multidão no Vaticano naquele dia. Mais um acordo fechado, mais um pedaço meu no inferno...
- Perdoe-me padre, porque eu pequei. – pedi ajoelhado, de olhos fechados.
Os pesos dos meus pecados estavam corroendo-me por dentro.
- Confesse e te arrependa de todo coração, que Deus irá lhe perdoar e salvar sua alma do tormento do inferno.
Pude ver seus olhos, por de trás da tela do confessionário, os observei por alguns instantes e depois ri, pois ele não fazia ideia...
- Minha alma não tem salvação, está condenada. – afirmei, levantando-me e saindo sem olhar para trás.
E novamente podia ouvir os sinos e outro som, bem ao longe, repetitivo e enjoativo, como uma única nota, tocando sem parar e só aumentando de volume...
“Acorde Enzo, ainda tem muito a fazer.” Era uma ordem e novamente ouvi o som repetitivo, agora mais forte... Mas ainda não estava conseguindo pensar direito, estava confuso e perturbado, meu corpo doía.
“Abra os olhos, deixe de ser fraco.” Então identifiquei o barulho insistente e enjoativo... Eram os aparelhos ligados ao meu corpo.

- O que aconteceu?- Sussurrei e pude ouvir minha voz, fraca e distante.

[...]

P.S.: Isto é apenas um pedacinho, tem muito mais em galera! 

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