___________________________________________________________CAPÍTULO
I
Ele
Abro meus olhos, mas tudo continua escuro! Nada faz
sentido, estou confuso e não me lembro das ultimas horas... Respiro fundo, limpo
meu rosto e olho-me no espelho. Minha face está destorcida, meu corpo está
completamente machucado e coberto por sangue. Meu coração acelerado, meus ossos
doem, sinto-me muito mal e cansado. Observo-me por alguns instantes e finalmente
com muita dificuldade, minha memoria volta aos poucos... Recuso-me a acreditar, estou preso,
engaiolado como um animal... Paolo é o próprio demônio.
Minha mente insiste em lembra-se do tempo que passei
na Itália.
Acorde...
Ordenei,
tentando manter a leve consciência que ainda possuía. Já não estava conseguindo
distinguir, qual era a realidade; o passado ou o presente... Tudo estava
embaçado, como em uma lente suja.
Sensações que nunca havia sentido antes, percorrem
meu corpo, uma angustia em estado flutuante, uma dificuldade imensa para
respirar e concentrar. Medo de perder o controle ou de enlouquecer... Medo de
morrer. Não aconteceu exatamente como programei e ainda tinha muito a fazer.
“Concentre-se,
Enzo.” A voz inconfundível do Lorenzo, invadia minha mente,
confundindo-me. E novamente levando-me de volta no tempo, na primeira vez que
fui à Itália.
O ar da noite estava quente, o vento trazia a brisa
molhada do mar. Reggio Calabria, a terra natal dele, a região de onde se teve
origem, uma das maiores famílias de mafiosos... Fui apresentado aos Italianos,
com apenas dezesseis anos de idade e não fazia a menor ideia de onde estava
entrando. Sete anos depois, fui iniciado... Apresentado como um deles e naquela
noite, tornei-me parte da família, da Máfia N’Drangheta e seu braço no Brasil.
Quando peguei na mão de Paolo Barbieri, condenei minha alma e me tornei um
demônio. Havia feito um pacto com o próprio diabo.
Podia ouvir sinos tocando, pombas voando, pessoas
conversando. Havia uma multidão no Vaticano naquele dia. Mais um acordo
fechado, mais um pedaço meu no inferno...
- Perdoe-me padre, porque eu pequei. – pedi
ajoelhado, de olhos fechados.
Os pesos dos meus pecados estavam corroendo-me por
dentro.
- Confesse e te arrependa de todo coração, que Deus
irá lhe perdoar e salvar sua alma do tormento do inferno.
Pude ver seus olhos, por de trás da tela do
confessionário, os observei por alguns instantes e depois ri, pois ele não
fazia ideia...
- Minha alma não tem salvação, está condenada. –
afirmei, levantando-me e saindo sem olhar para trás.
E novamente podia ouvir os sinos e outro som, bem ao
longe, repetitivo e enjoativo, como uma única nota, tocando sem parar e só
aumentando de volume...
“Acorde
Enzo, ainda tem muito a fazer.” Era uma ordem e
novamente ouvi o som repetitivo, agora mais forte... Mas ainda não estava
conseguindo pensar direito, estava confuso e perturbado, meu corpo doía.
“Abra
os olhos, deixe de ser fraco.” Então identifiquei o
barulho insistente e enjoativo... Eram os aparelhos ligados ao meu corpo.
- O que aconteceu?- Sussurrei e pude ouvir minha voz, fraca e distante.
[...]
P.S.: Isto é apenas um pedacinho, tem muito mais em galera!
MORRI!!!!
ResponderExcluirQuero mais!!!!!!
Logo, logo. ;)
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