domingo, 26 de julho de 2015

Livro, De Olhos Fechados: Capítulo I, Segunda Parte

Ler ouvindo: Ed Sheeran - Give me love

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Ela.

Enquanto arrumava minhas malas não continha o entusiasmo que tomava conta de mim e o imenso sorriso em meus lábios, iria realizar um sonho, mal poderia acreditar... Mas também não pude evitar de lembrar que fazia exatamente três anos que minha mãe havia falecido, desejava tanto que ela estivesse ao meu lado. Sentia muito a sua falta...
Era uma tarde quente, estávamos na varanda de casa olhando o horizonte, eu estava deitada em seu colo e ela acariciava meus cabelos. Tinha um sorriso no rosto que acalmava minha alma. Naquele dia disse-me que o amor iria acontecer um dia em minha vida, quando eu estivesse pronta. Que não adiantaria querer acelerar as coisas e que eu iria sabe quando fosse o homem certo; aquele que me deixaria sem ar, sem fala, tonta, confusa e com medo de perdê-lo a ponto de fazer coisas impensáveis, assim como ela ainda era com meu pai. Foram tantos conselhos, planos e no final abraçou-me fortemente, me fazendo prometer que a perdoaria por seus erros, que choraria pouco, seria muito feliz e não desistiria de sonhar quando a vida me derrubasse. Na hora não entendi, mas pouco tempo depois compreendi que ela estava me preparando para sua falta, para a vida e me mostrando o caminho.
Passei os anos seguintes seguindo exatamente seus conselhos e planos.
O destino pode esbarrar em você, mas quem vai comanda-lo e determina-lo, serão suas escolhas.
Foi uma das ultimas frases que me disse antes que seus olhos se fechassem para sempre. Quantas vezes não lhe dei o devido valor, hoje relembrando minha vida, sinto meus olhos marejarem de lágrimas, pois minha mãe estava certa em tudo que me disse. E como eu a queria comigo agora... ah como queria! Estava prestes a realizar um sonho e com toda certeza ela estava muito orgulhosa de mim.
- Ai – sussurrei sentindo o impacto quando bati em uma pessoa.
O aeroporto estava lotado e minha mente em outro lugar, não havia percebido que tinha gente em minha frente.
- Desculpe, não tive a intensão... – afirmei tirando o fone do ouvido e olhando o homem em qual tinha esbarrado.
- Estava desatenta – conclui analisando-o em instantes, era lindo e tive a impressão de já tê-lo visto antes.
- Então preste mais atenção garota – falou saindo sem me dar mais atenção.
Onde está sua educação? Perguntei em minha mente enquanto voltava a andar. Balancei minha cabeça em protesto a sua reação e tentei não dar muita importância ao fato, mas não consegui deixar de sentir a raiva que percorreu meu corpo.
Durante todo trajeto minha mãe era a única pessoa em minha mente e quando cheguei àquela cidade, a linda paisagem me fez perder o folego, o desafio me vez sentir medo e minha fé me deu coragem. Quase não podia acreditar que estava lá, Suíça, Genebra. Que estava formada e com uma oportunidade única em minha vida, à faculdade de Direito sempre foi um desafio, um sonho e agora já estava em uma conferencia internacional de direito penal. Eh quase não da para acreditar!  Vou ser eternamente grata ao meu professor por ter me concedido essa experiência formidável. O caminho trilhado até aqui não foi fácil e daqui pra frente também não seria.
O hotel onde seria o evento era maravilhoso. Corri até a sacada do quarto e sorri para a linda vista, joguei-me na imensa cama coberta por finos lenções de algodão egípcio, a sensação era deliciosa... Podia sentir a euforia percorrer-me dos pés a cabeça.
 O coquetel de abertura era mais impressionante do que imaginava, parecia de outro mundo para minha humilde inexperiência, passei os olhos rapidamente pelo gigantesco salão e fiquei boquiaberta, enquanto analisava a linda e elegante decoração. O evento estava lotado, todos que realmente tinham alguma importância no meio Penal estavam ali; alguns juristas brasileiros, vários europeus, americanos e eu claro.
- Ohhh – foi apenas um sussurro que saiu de minha garganta quando bati em um homem, me trazendo de volta a realidade bem longe dos meus devaneios – Desculpe, não...
Quando se virou ficando totalmente de frente, não conclui minha frase, perdi a fala, coisa que não acontece com facilidade. Era extremamente lindo... Minha bebida estava toda em seu terno e sua feição não era de quem tinha gostado da sensação.
- Desculpe, não sei o que houve, me distrai. – confessei olhando em seus olhos.
Quando nossos olhares se cruzaram senti uma onda de calor percorrer meu corpo e um perfume instigante. Senti como se já o conhecesse...
- Distraída?! – seu rosto ressaltava a ironia em sua voz.
- Novamente, desculpe-me. – pedi confusa e agitada enquanto tentava limpar incessantemente a mancha, com meu guardanapo.
Meu desespero era gritante.
- Não precisa, está tudo bem. – avisou interrompendo minhas tentativas frustradas de limpar seu terno perfeito. - É a segunda vez que esbarra em mim hoje, deveria prestar mais atenção garota. – finalizou com um sorriso sedutor no canto do lábio, enquanto saia e deixava-me falando sozinha.
- Eu... – balbuciei tensa.
Como assim segunda vez? Era o mesmo homem do aeroporto.
Não deixei transparecer a raiva que percorreu meu corpo, mas a falta de educação dele e o fato de me chamar de garota deixou-me bem irritada. Ainda imóvel, fiquei observando ele se distanciar e não pude deixar de notar novamente seu charme e elegância. Era lindo e seus olhos tinham algo que me chamaram a atenção.
O restante da noite tentei distrair minha cabeça com o que realmente importava, o motivo pelo qual estava ali, aprender. Apressei-me em conhecer algumas pessoas, fazer contatos e amizades, estava gostando do coquetel até mais do que o esperado. Porém, assim que fiquei sozinha em meu quarto não consegui parar de pensar naquele sorriso provocador, naqueles olhos negros e no fato de ter esbarrado nele duas vezes no mesmo dia.
Aquele sorriso deixou-me desconcertada.
Porque em tão poucos instantes ele deixou-me tão agitada? Essa pergunta ecoava em minha mente enquanto tentava dormir.
Tomando meu delicioso e precioso café, fiquei observando pela imensa janela do quarto o céu cinza e nublado de Genebra. Alguns flocos de neve estavam caiando devagar e nem eles ou o frio pareciam estar incomodando o pássaro que estava nos galhos da arvore do outro lado da rua. Aquele pássaro negro e sozinho fazia um contraste todo especial com a paisagem cinza e branca que via a minha frente, era realmente uma linda imagem então imediatamente lembrei-me daquele homem misterioso em seu belo terno preto.
Esqueça! Ordenei, enquanto me levantava e saia.
O dia estava indo muito bem. Já havia assistido as duas palestras programadas, de renomados nomes do direito penal, conhecido pessoas importantes e faltava apenas uma palestra para finalizar, a mais aguardada do evento, feita pelo homenageado. O auditório estava totalmente lotado, invadido por um silêncio perturbador e eu estava especialmente entusiasmada.
- Posso me sentar? – a voz tirou totalmente minha concentração do palco.
Era ele.
 - Não vá esbarrar em mim hoje! – brincou sentando-se.
- Não... – balbuciei meio desconcentrada, pois senti um perfume instigante.
- A proposito, Enzo Barbieri. – disse com um sorriso intimidador enquanto estendia a mão. – Prazer.
- Manoela Vieira. – me apresentei retribuindo o sorriso e pegando em sua mão.
Quando nossas mãos se tocaram, senti como se levasse um choque e novamente uma onde de calor percorreu meu corpo, elas se encaixaram perfeitamente, pareciam serem feitas uma para a outra. Ele a segurou por alguns instantes e olhou em meus olhos.
Senti-me estranha e constrangida ao seu lado.
- Interessante. – comentou com o mesmo sorriso provocante de antes enquanto se levantava e saia sem dizer mais nada.
Foi o dialogo mais estranho que já tive e deixou-me um tanto confusa. Fiquei imóvel vendo-o sair, ainda sentindo o calor em meu corpo provocado pelo seu toque sutil.
Meu coração estava acelerado e podia ouvi-lo bater. O que aconteceu?
Quando finalmente com muito esforço consegui voltar novamente minha atenção para o evento, percebi que o chamaram junto ao palco, então reconheci quem realmente ele era e fiquei ainda mais confusa, sem conseguir acreditar no que havia acontecido nos últimos minutos... Enzo Barbieri sem exagero, um dos homens mais influentes da atualidade. Advogado e presidente da Barbieri Associados, o maior escritório de advocacia do país, com sede em quase todos os estados, três na Europa, uma na Rússia, Japão e nos Estados Unidos.  Tinha uma fama perturbadora de só aceitar casos complexos e de sair vencedor de todos, de defender políticos corruptos e grandes criminosos. Ele e seu mentor Lorenzo Barbieri eram adorados no meio jurídico, a maioria dos advogados criminalistas queriam ser iguais a eles e os recém formados queriam trabalhar para eles. Já tinha ouvido falar muito sobre ele na faculdade, visto algumas fotos, mas não o reconheci de imediato... Senti-me constrangida e uma completa idiota, ainda não estava conseguindo acreditar no que havia acontecido.
Enquanto ele discursava de forma impecável pude notar alguns olhares em minha direção, o que deixou a situação ainda mais esquisita do que já estava para mim e fez com que minhas bochechas corassem.
Porque estava sentindo-me tão intimidada?

***

Parada, constrangida e sozinha em um canto, estava me sentindo como um peixe fora d’água e em poucos minutos já tinha me arrependido de ter saído do quarto. Era uma das mais jovens ali, isto era gritante, não tinha levado ninguém como acompanhante, resultado, estava me sentindo completamente deslocada no coquetel enquanto todos os outros estavam se divertindo. Sinceramente não sabia o motivo deles insistem em fazer esses encontros à noite sem nenhum proveito de conhecimento, preferia as palestras durante o dia, mas a culpa era minha, não deveria ter saído do quarto e já estava voltando para ele.
Enquanto saia, corri os olhos rapidamente pelo imenso salão e me peguei procurando por um terno preto, não sabia o motivo, mas queria revê-lo...
- Perdida? – a pergunta me assustou, virei-me rapidamente e não foi nenhuma surpresa a sensação de constrangimento que voltei a sentir.
- Pareço? – respondi com outra pergunta, desta vez me sentia mais confiante. Tinha que dialogar com ele a altura.
- Devo dizer que sim. – respondeu com um sorriso no canto do lábio que me chamou a atenção a analisar seu rosto.
Os traços fortes, a barba serrada, seus olhos e cabelos negros faziam uma simetria perfeita com sua pele alva, as fotos não conseguiam capitar a sua real beleza. E novamente senti seu um perfume instigante...
- Não estou perdida, apenas observando. – respondi sorrindo de leve.
- Desculpe, mas não é muito nova? Não parece ter mais do que uns vinte anos. O que faz aqui? – disse com ar de superioridade. Tinha arrogância em sua voz.
- Aprendendo com os mais velhos – respondi tentando conter a raiva. - E tenho vinte e dois.
Ele riu.
- Tem mesmo perfil de advogada garota. – analisou – respostas rápidas, gosto disso.
- Obrigada.
- Trabalha para qual escritório?- indagou enquanto me entregava uma taça de champanhe.
E novamente uma onde de calor percorreu meu corpo quando seus dedos tocaram nos meus.
- Ainda estou à procura, me formei há poucas semanas. – respondi constrangida.
- Interessante...
Daquele momento em diante a noite pareceu voar, jamais imaginaria que teríamos tanto em comum. Conversarmos sobre tudo e não pude deixar de me envolver por seu charme. Não era nada daquilo que ouvi falar na faculdade ou que os outros advogados diziam; um monstro sem coração, um ditador implacável... Tudo bem era um pouco misterioso e arrogante, mais arrogantemente lindo.
***
Deitada na cama sem sono, rolava de um lado para o outro e pensava no que tinha acontecido horas antes.
Como em tão pouco tempo aquele homem pode mexer tanto comigo?
Nunca fui de me apaixonar facilmente, faço o tipo difícil, sozinha com um livro na mão e uma xicara de café na outra. Não me envolvo rapidamente, não acredito em clichês, não me deixo levar pelos sentimentos, sempre fechada, seria e confiante. Amor à primeira vista? Não mesmo... Romântica nem um pouco! Então o que estava acontecendo comigo? Essa pergunta eu não consegui responder, então fechei meus olhos e me entreguei ao sono.
- Oi – disse atendendo ao telefone que com seu toque estridente me fez acordar, um tanto tonta pelo susto.
- Bom dia Manoela. – a voz era inconfundível – Desculpe lhe telefonar sem avisar e pelo horário, mas estava pensando se não gostaria de faltar aos compromissos de hoje e conhecer Genebra comigo?
A pergunta fez com que o sono desaparecesse no mesmo instante.
- Claro, eu...  – balbuciei sem acreditar - Em uma hora estarei no hall do hotel. – respondi desligando o telefone e me colocando de pé.
Realmente precisaria de uma hora para desamassar meu rosto e esconder as olheiras que apareceram pela falta de dormir. Meus olhos verdes não seriam suficientemente bonitos com aquelas bolsas embaixo deles.
Estava há três dias na ‘Cidade da Paz’ e não tinha saído um só minuto do hotel onde acontecia a conferencia, o que havia conhecido da cidade era o caminho percorrido do aeroporto até o hotel e o limite que a sacada do quarto tinha do horizonte.
 Era realmente uma cidade maravilhosa, estava no inverno, havia muita neve e muito frio. Ele me apresentou a cidade, conhecia tão bem que parecia que morava lá. Estava sendo muito gentil e galante, em nenhum momento deixou de sorrir ou me tocou. Os assuntos não acabavam, ele sabia ser extremamente charmoso e provocante com um toque de moda antiga e atualidade, estava me envolvendo...
 Andando as margens do lago, Lac Leman, ficava olhando para ele e me perguntando o que se passava em sua mente, porque do convite, porque eu. Um homem tão importante, nem precisava dizem o quão lindo era, comigo?! Não parecia ter muito sentido. Não que fosse uma mulher sem algum tipo de beleza, muito pelo contrario gostava e cuidava bastante de mim e claro também havia a parte intelectual, mas ele poderia ter qualquer mulher que desejasse, elas se jogavam aos seus pés, por onde passávamos todas olhavam para ele. Não conseguia parar de pensar sobre isto.
Passamos o dia todo juntos, almoçamos em um belo restaurante de comida Italiana e quando a noite caiu disse que me levaria para jantar. Já não haviam mais duvidas em minha mente, não estava mais preocupada com clichês, com os porquês, me deixei levar, afinal não tinha muito o que perder, mas poderia ganhar ao menos um amigo ou um emprego.
Sentada de frente para espelho do restaurante do hotel analisava meticulosamente a imagem refletida, cada detalhe do meu rosto, meu cabelo solto, sentia-me confiante de batom vermelho. Enquanto esperava por ele tentava não me empolgar muito com expectativas e controlar minha mente fértil. De uma hora para outra uma mulher completamente segura parecia ter voltado a ser uma adolescente, no auge da puberdade, cheia de duvidas e inseguranças.
- Boa noite. – a voz fez-me virar rapidamente o corpo para que meus olhos pudessem ver o que minha mente já imaginava.
E fiquei surpresa, ele estava perfeito. O terno preto parecia desenhar sutilmente seu corpo forte, instigando mais ainda minha imaginação e meu desejo.
- Oi. – respondi sorrindo.
- Você me deixa curioso. – comentou enquanto sentava-se e pedia ao garçom um uísque. – Não consigo te ler – finalizou olhando-me fixamente nos olhos.
- Ler? Não sou um livro. – comentei curiosa com um sorriso discreto.
- Isto é realmente uma pena. – afirmou, tocando levemente em minha mão que estava sobre a mesa.
E novamente uma onda de calor percorreu-me. O toque quente fez meu corpo arrepiar-se, fiquei com vontade de tirar minha mão, mas não tive coragem suficiente para isto.
- Está com medo de mim? – perguntou com um sorriso no canto dos lábios que era particularmente instigante.
Tinha vontade de beija-lo.
- Não, deveria? – respondi com outra pergunta enquanto mordia o lábio.
- Sim... – disse sorrindo - Se não quiser ser beijada essa noite. – concluiu bebendo um gole generoso do uísque que havia pedido.
Minha boca ficou seca e aquelas palavras fizeram com que subisse um frio pela minha espinha.
Não consegui dizer nada e ele sorriu.
Durante o jantar varias vezes tocou em minha mão e eu estava gostando mais do que o esperado esse contato. Novamente conversarmos muito, por diversas vezes ele me fez gargalhar, já estava totalmente à vontade ao seu lado, fazia-me sentir bem, leve, protegida e principalmente instigada, com um frio no estomago, como se mil borboletas estivessem voando sem rumo dentro de mim. Mas não conseguia tirar da minha mente o que ele havia dito no começo da noite, sobre me beijar. A cada gole que ele dava de seu uísque, mais seca minha boca ficava, estava louca para esse momento chegar, tanto que quase estava tomando a iniciativa.
- Obrigada pelo dia e pelo adorável jantar. – agradeci parada na porta do meu quarto enquanto me despedia frustrada.
A noite não estava acabando conforme meu planejado.
De repente senti um estalo dentro de mim, minha mente se desligou e um turbilhão de sensações começaram a me percorrer por inteira... Suas mãos firmes me puxaram rapidamente pra junto ao seu corpo forte e apertaram minha cintura, por uns instantes olho-me nos olhos à procura de algo que o impedisse de continuar e então me beijou, seu beijo era quente e inesquecivelmente gostoso. Entreguei-me enlaçando meus braços em seu pescoço, sentia como se fosse derreter, estava em outra dimensão. Ficamos assim, colados nos beijando por alguns minutos e eu não queria que acabasse.
- Eu que agradeço e gostaria de poder lhe ver amanha novamente. – disse me soltando e sorrindo.
Quase pulei em seus braços para ser beijada mais uma vez, não estava me reconhecendo, estava patética!
- Claro. – concordei sorrindo e passando a língua em meus lábios, ainda sentia o sabor do seu beijo.
- Boa noite senhorita Vieira. – disse passando os dedos em meu rosto com carinho.
Segurou minha nuca e beijou-me novamente os lábios, só que desta vez levemente.
- Boa noite, até amanha. – conclui fechando lentamente a porta do quarto enquanto ainda olhava para ele.
Corri para cama onde me joguei, deixando o toque suave dos lençóis massagearem meu corpo.
 O que estava fazendo?!
Naquela noite novamente não dormir direito, isto já estava virando mania, meus pensamentos voavam longe e eu me perdia neles. Estavam no Enzo, no seu sorriso, nos seus olhos e claro imaginando cada centímetro do corpo por baixo daqueles lindos ternos pretos feitos sobre medida. Tinha que admitir que estava com um nível bem elevado de desejo, ele era extremamente provocante e eu estava solteira a um certo tempo.
 Assim que o dia nasceu experimentei tudo que tinha levado e cheguei a triste conclusão de que estava precisando comprar roupas urgentemente, o frio também não estava colaborando comigo, não me deixava muitas opções.
O som estridente do celular tocando me tirou totalmente a concentração sobre o dilema de minhas roupas e olhar no visor do aparelho não me deu a menor vontade de atender...
 - Só um minuto – me assustei com as batidas na porta, não tinha pedido nenhum serviço de quarto – Sim... –
Perdi a fala quando o vi, estava de moletom e camiseta branca com os braços para cima, apoiado no portal da porta, o que deixou evidente sua musculatura definida e algumas tatuagens.
- Vejo que lhe assustei. – disse calmamente com um sorriso sedutor no canto do lábio.
Claro que estava assustada não esperava por ele, ainda estava de hobby, pois não havia me decidido o que vestir e muito constrangida.
- Um pouco. – respondi sorrindo timidamente.
- Desculpe. – disse entrando no meu quarto sem ser convidado – Não foi minha intenção.
- Então qual era sua intenção? – perguntei fechando a porta do quarto com muita malícia.
- Está.
Suas mãos foram rápidas em me puxar sem hesitação, segurou em meu rosto, olhou-me nos olhos por uns instantes e me beijou. Desta vez o beijo foi muito mais forte... Para mim, ainda melhor que o primeiro. Entreguei-me, era um turbilhão de sensações percorrendo cada extremidade do meu corpo novamente. Nunca havia sido beijada daquela forma, tão intenso, tão urgente...
- Novamente Manoela, desculpe-me. – pediu me soltando brutalmente e se afastando – Não sei por que bati em sua porta, não dormi muito bem. – explicou olhando-me.
- Também não tenho dormido muito ultimamente – disse me aproximando a ele lentamente.
Estava frustrada pela ruptura do beijo.
- Devo lhe dizer que pensei em você a noite toda. – confessou tocando meu rosto com carinho.
Meu sorriso foi instantâneo.
- Confesso que também pensei em você. – disse olhando em seus olhos e mordendo os lábios.
Queria ser beijada.
Acariciou meu rosto, seus dedos lentamente tocaram meus lábios e então me beijou com vontade. Suas mãos seguraram firme em minha cintura e apertavam minha pele coberta pelo fino tecido do hobby, coloquei meus braços em volta de seu pescoço. Podia sentir claramente o desejo nele, eu também o queria... Tirou sua camiseta, revelando seu tórax forte e cheio de tatuagens, era perfeito. Puxou devagar a fita do hobby, enquanto me olhava nos olhos, fazendo-o abrir e deixando-me exposta, apenas de peças intimas. Senti seu toque quente em minha pele, meu corpo se arrepiou com o contato... Então voltou a me beijar enquanto apertava fortemente seu corpo contra o meu e suas mãos me acariciavam.
Estava atordoada, seus lábios eram saborosos e seu cheiro hipnotizante.
- Ainda não! – avisei afastando-me com dificuldade e amarrando novamente meu hobby - Gostaria que nos conhecêssemos melhor... – pedi confusa.
Precisava ir com cuidado e com mais calma.
- Claro.
 - Sei que moramos em cidades distantes, mas não acredito ser empecilho. – explique orando para que concordasse.
- Volto para o Brasil hoje, não posso ficar para o último dia tenho compromissos urgentes me aguardando, mas assim que puder vou lhe ver em Recife. – concluiu me beijando carinhosamente. – Me acompanha no café da manhã. – sugeriu vestindo a camiseta e voltando a sorrir de forma provocante.
- Claro vou me trocar, só um minuto. – respondi deixando-o sozinho.
Passamos a amanha e boa parte da tarde juntos e mais uma vez esqueci-me do que realmente havia ido fazer naquela cidade. Ele estava sendo extremamente carinhoso e muito romântico, quase não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Em minha mente realista e ligeiramente insegura esses encontros e romances só aconteciam nos filmes ou em lendas urbanas.

Era meu último dia naquela cidade maravilhosa e não queria sair da cama o sono finalmente estava tomando conta de mim e claro mais uma vez fui para o mundinho dos meus pensamentos e devaneios que agora tinham uma nova fonte de inspiração. Isto me fez sorrir!

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