Ler ouvindo: Ed Sheeran - Give me love
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Ela.
Enquanto arrumava minhas malas não continha o entusiasmo
que tomava conta de mim e o imenso sorriso em meus lábios, iria realizar um
sonho, mal poderia acreditar... Mas também não pude evitar de lembrar que fazia
exatamente três anos que minha mãe havia falecido, desejava tanto que ela
estivesse ao meu lado. Sentia muito a sua falta...
Era uma tarde quente, estávamos na varanda de casa
olhando o horizonte, eu estava deitada em seu colo e ela acariciava meus
cabelos. Tinha um sorriso no rosto que acalmava minha alma. Naquele dia disse-me
que o amor iria acontecer um dia em minha vida, quando eu estivesse pronta. Que
não adiantaria querer acelerar as coisas e que eu iria sabe quando fosse o homem
certo; aquele que me deixaria sem ar, sem fala, tonta, confusa e com medo de
perdê-lo a ponto de fazer coisas impensáveis, assim como ela ainda era com meu
pai. Foram tantos conselhos, planos e no final abraçou-me fortemente, me
fazendo prometer que a perdoaria por seus erros, que choraria pouco, seria
muito feliz e não desistiria de sonhar quando a vida me derrubasse. Na hora não
entendi, mas pouco tempo depois compreendi que ela estava me preparando para
sua falta, para a vida e me mostrando o caminho.
Passei os anos seguintes seguindo exatamente seus
conselhos e planos.
‘O destino
pode esbarrar em você, mas quem vai comanda-lo e determina-lo, serão suas
escolhas. ’
Foi uma das ultimas frases que me disse antes que
seus olhos se fechassem para sempre. Quantas vezes não lhe dei o devido valor,
hoje relembrando minha vida, sinto meus olhos marejarem de lágrimas, pois minha
mãe estava certa em tudo que me disse. E como eu a queria comigo agora... ah como
queria! Estava prestes a realizar um sonho e com toda certeza ela estava muito
orgulhosa de mim.
- Ai – sussurrei sentindo o impacto quando bati em
uma pessoa.
O aeroporto estava lotado e minha mente em outro
lugar, não havia percebido que tinha gente em minha frente.
- Desculpe, não tive a intensão... – afirmei tirando
o fone do ouvido e olhando o homem em qual tinha esbarrado.
- Estava desatenta – conclui analisando-o em
instantes, era lindo e tive a impressão de já tê-lo visto antes.
- Então preste mais atenção garota – falou saindo sem
me dar mais atenção.
Onde está sua
educação? Perguntei em minha mente enquanto voltava a andar. Balancei
minha cabeça em protesto a sua reação e tentei não dar muita importância ao
fato, mas não consegui deixar de sentir a raiva que percorreu meu corpo.
Durante todo trajeto minha mãe era a única pessoa em
minha mente e quando cheguei àquela cidade, a linda paisagem me fez perder o
folego, o desafio me vez sentir medo e minha fé me deu coragem. Quase não podia
acreditar que estava lá, Suíça, Genebra. Que estava formada e com uma
oportunidade única em minha vida, à faculdade de Direito sempre foi um desafio,
um sonho e agora já estava em uma conferencia internacional de direito penal.
Eh quase não da para acreditar! Vou ser
eternamente grata ao meu professor por ter me concedido essa experiência
formidável. O caminho trilhado até aqui não foi fácil e daqui pra frente também
não seria.
O hotel onde seria o evento era maravilhoso. Corri
até a sacada do quarto e sorri para a linda vista, joguei-me na imensa cama
coberta por finos lenções de algodão egípcio, a sensação era deliciosa... Podia
sentir a euforia percorrer-me dos pés a cabeça.
O coquetel de
abertura era mais impressionante do que imaginava, parecia de outro mundo para
minha humilde inexperiência, passei os olhos rapidamente pelo gigantesco salão
e fiquei boquiaberta, enquanto analisava a linda e elegante decoração. O evento
estava lotado, todos que realmente tinham alguma importância no meio Penal estavam
ali; alguns juristas brasileiros, vários europeus, americanos e eu claro.
- Ohhh – foi apenas um sussurro que saiu de minha
garganta quando bati em um homem, me trazendo de volta a realidade bem longe
dos meus devaneios – Desculpe, não...
Quando se virou ficando totalmente de frente, não
conclui minha frase, perdi a fala, coisa que não acontece com facilidade. Era
extremamente lindo... Minha bebida estava toda em seu terno e sua feição não
era de quem tinha gostado da sensação.
- Desculpe, não sei o que houve, me distrai. –
confessei olhando em seus olhos.
Quando nossos olhares se cruzaram senti uma onda de
calor percorrer meu corpo e um perfume instigante. Senti como se já o
conhecesse...
- Distraída?! – seu rosto ressaltava a ironia em sua
voz.
- Novamente, desculpe-me. – pedi confusa e agitada
enquanto tentava limpar incessantemente a mancha, com meu guardanapo.
Meu desespero era gritante.
- Não precisa, está tudo bem. – avisou interrompendo
minhas tentativas frustradas de limpar seu terno perfeito. - É a segunda vez
que esbarra em mim hoje, deveria prestar mais atenção garota. – finalizou com
um sorriso sedutor no canto do lábio, enquanto saia e deixava-me falando
sozinha.
- Eu... – balbuciei tensa.
Como assim
segunda vez? Era o mesmo homem do aeroporto.
Não deixei transparecer a raiva que percorreu meu corpo,
mas a falta de educação dele e o fato de me chamar de garota deixou-me bem
irritada. Ainda imóvel, fiquei observando ele se distanciar e não pude deixar
de notar novamente seu charme e elegância. Era lindo e seus olhos tinham algo
que me chamaram a atenção.
O restante da noite tentei distrair minha cabeça com
o que realmente importava, o motivo pelo qual estava ali, aprender. Apressei-me
em conhecer algumas pessoas, fazer contatos e amizades, estava gostando do coquetel
até mais do que o esperado. Porém, assim que fiquei sozinha em meu quarto não
consegui parar de pensar naquele sorriso provocador, naqueles olhos negros e no
fato de ter esbarrado nele duas vezes no mesmo dia.
Aquele sorriso deixou-me desconcertada.
Porque em tão
poucos instantes ele deixou-me tão agitada? Essa pergunta
ecoava em minha mente enquanto tentava dormir.
Tomando meu delicioso e precioso café, fiquei
observando pela imensa janela do quarto o céu cinza e nublado de Genebra. Alguns
flocos de neve estavam caiando devagar e nem eles ou o frio pareciam estar incomodando
o pássaro que estava nos galhos da arvore do outro lado da rua. Aquele pássaro
negro e sozinho fazia um contraste todo especial com a paisagem cinza e branca
que via a minha frente, era realmente uma linda imagem então imediatamente lembrei-me
daquele homem misterioso em seu belo terno preto.
Esqueça!
Ordenei, enquanto me levantava e saia.
O dia estava indo muito bem. Já havia assistido as
duas palestras programadas, de renomados nomes do direito penal, conhecido
pessoas importantes e faltava apenas uma palestra para finalizar, a mais
aguardada do evento, feita pelo homenageado. O auditório estava totalmente
lotado, invadido por um silêncio perturbador e eu estava especialmente
entusiasmada.
- Posso me sentar? – a voz tirou totalmente minha
concentração do palco.
Era ele.
- Não vá
esbarrar em mim hoje! – brincou sentando-se.
- Não... – balbuciei meio desconcentrada, pois senti
um perfume instigante.
- A proposito, Enzo Barbieri. – disse com um sorriso
intimidador enquanto estendia a mão. – Prazer.
- Manoela Vieira. – me apresentei retribuindo o
sorriso e pegando em sua mão.
Quando nossas mãos se tocaram, senti como se levasse
um choque e novamente uma onde de calor percorreu meu corpo, elas se encaixaram
perfeitamente, pareciam serem feitas uma para a outra. Ele a segurou por alguns
instantes e olhou em meus olhos.
Senti-me estranha e constrangida ao seu lado.
- Interessante. – comentou com o mesmo sorriso
provocante de antes enquanto se levantava e saia sem dizer mais nada.
Foi o dialogo mais estranho que já tive e deixou-me
um tanto confusa. Fiquei imóvel vendo-o sair, ainda sentindo o calor em meu
corpo provocado pelo seu toque sutil.
Meu coração estava acelerado e podia ouvi-lo bater. O que aconteceu?
Quando finalmente com muito esforço consegui voltar
novamente minha atenção para o evento, percebi que o chamaram junto ao palco, então
reconheci quem realmente ele era e fiquei ainda mais confusa, sem conseguir acreditar
no que havia acontecido nos últimos minutos... Enzo Barbieri sem exagero, um
dos homens mais influentes da atualidade. Advogado e presidente da Barbieri
Associados, o maior escritório de advocacia do país, com sede em quase todos os
estados, três na Europa, uma na Rússia, Japão e nos Estados Unidos. Tinha uma fama perturbadora de só aceitar
casos complexos e de sair vencedor de todos, de defender políticos corruptos e
grandes criminosos. Ele e seu mentor Lorenzo Barbieri eram adorados no meio
jurídico, a maioria dos advogados criminalistas queriam ser iguais a eles e os
recém formados queriam trabalhar para eles. Já tinha ouvido falar muito sobre
ele na faculdade, visto algumas fotos, mas não o reconheci de imediato...
Senti-me constrangida e uma completa idiota, ainda não estava conseguindo
acreditar no que havia acontecido.
Enquanto ele discursava de forma impecável pude
notar alguns olhares em minha direção, o que deixou a situação ainda mais
esquisita do que já estava para mim e fez com que minhas bochechas corassem.
Porque estava
sentindo-me tão intimidada?
***
Parada, constrangida e sozinha em um canto, estava
me sentindo como um peixe fora d’água e em poucos minutos já tinha me
arrependido de ter saído do quarto. Era uma das mais jovens ali, isto era
gritante, não tinha levado ninguém como acompanhante, resultado, estava me
sentindo completamente deslocada no coquetel enquanto todos os outros estavam
se divertindo. Sinceramente não sabia o motivo deles insistem em fazer esses
encontros à noite sem nenhum proveito de conhecimento, preferia as palestras
durante o dia, mas a culpa era minha, não deveria ter saído do quarto e já
estava voltando para ele.
Enquanto saia, corri os olhos rapidamente pelo
imenso salão e me peguei procurando por um terno preto, não sabia o motivo, mas
queria revê-lo...
- Perdida? – a pergunta me assustou, virei-me
rapidamente e não foi nenhuma surpresa a sensação de constrangimento que voltei
a sentir.
- Pareço? – respondi com outra pergunta, desta vez me
sentia mais confiante. Tinha que dialogar com ele a altura.
- Devo dizer que sim. – respondeu com um sorriso no
canto do lábio que me chamou a atenção a analisar seu rosto.
Os traços fortes, a barba serrada, seus olhos e
cabelos negros faziam uma simetria perfeita com sua pele alva, as fotos não
conseguiam capitar a sua real beleza. E novamente senti seu um perfume
instigante...
- Não estou perdida, apenas observando. – respondi
sorrindo de leve.
- Desculpe, mas não é muito nova? Não parece ter mais
do que uns vinte anos. O que faz aqui? – disse com ar de superioridade. Tinha
arrogância em sua voz.
- Aprendendo com os mais velhos – respondi tentando
conter a raiva. - E tenho vinte e dois.
Ele riu.
- Tem mesmo perfil de advogada garota. – analisou –
respostas rápidas, gosto disso.
- Obrigada.
- Trabalha para qual escritório?- indagou enquanto
me entregava uma taça de champanhe.
E novamente uma onde de calor percorreu meu corpo
quando seus dedos tocaram nos meus.
- Ainda estou à procura, me formei há poucas
semanas. – respondi constrangida.
- Interessante...
Daquele momento em diante a noite pareceu voar,
jamais imaginaria que teríamos tanto em comum. Conversarmos sobre tudo e não
pude deixar de me envolver por seu charme. Não era nada daquilo que ouvi falar na
faculdade ou que os outros advogados diziam; um monstro sem coração, um ditador
implacável... Tudo bem era um pouco misterioso e arrogante, mais arrogantemente
lindo.
***
Deitada na cama sem sono, rolava de um lado para o
outro e pensava no que tinha acontecido horas antes.
Como em tão
pouco tempo aquele homem pode mexer tanto comigo?
Nunca fui de me apaixonar facilmente, faço o tipo
difícil, sozinha com um livro na mão e uma xicara de café na outra. Não me
envolvo rapidamente, não acredito em clichês, não me deixo levar pelos
sentimentos, sempre fechada, seria e confiante. Amor à primeira vista? Não mesmo...
Romântica nem um pouco! Então o que estava acontecendo comigo? Essa pergunta eu
não consegui responder, então fechei meus olhos e me entreguei ao sono.
- Oi – disse atendendo ao telefone que com seu toque
estridente me fez acordar, um tanto tonta pelo susto.
- Bom dia Manoela. – a voz era inconfundível –
Desculpe lhe telefonar sem avisar e pelo horário, mas estava pensando se não
gostaria de faltar aos compromissos de hoje e conhecer Genebra comigo?
A pergunta fez com que o sono desaparecesse no mesmo
instante.
- Claro, eu...
– balbuciei sem acreditar - Em uma hora estarei no hall do hotel. –
respondi desligando o telefone e me colocando de pé.
Realmente precisaria de uma hora para desamassar meu
rosto e esconder as olheiras que apareceram pela falta de dormir. Meus olhos
verdes não seriam suficientemente bonitos com aquelas bolsas embaixo deles.
Estava há três dias na ‘Cidade da Paz’ e não tinha
saído um só minuto do hotel onde acontecia a conferencia, o que havia conhecido
da cidade era o caminho percorrido do aeroporto até o hotel e o limite que a
sacada do quarto tinha do horizonte.
Era realmente
uma cidade maravilhosa, estava no inverno, havia muita neve e muito frio. Ele
me apresentou a cidade, conhecia tão bem que parecia que morava lá. Estava
sendo muito gentil e galante, em nenhum momento deixou de sorrir ou me tocou. Os
assuntos não acabavam, ele sabia ser extremamente charmoso e provocante com um
toque de moda antiga e atualidade, estava me envolvendo...
Andando as
margens do lago, Lac Leman, ficava olhando para ele e me perguntando o que se
passava em sua mente, porque do convite, porque eu. Um homem tão importante,
nem precisava dizem o quão lindo era, comigo?! Não parecia ter muito sentido.
Não que fosse uma mulher sem algum tipo de beleza, muito pelo contrario gostava
e cuidava bastante de mim e claro também havia a parte intelectual, mas ele
poderia ter qualquer mulher que desejasse, elas se jogavam aos seus pés, por
onde passávamos todas olhavam para ele. Não conseguia parar de pensar sobre
isto.
Passamos o dia todo juntos, almoçamos em um belo
restaurante de comida Italiana e quando a noite caiu disse que me levaria para
jantar. Já não haviam mais duvidas em minha mente, não estava mais preocupada com
clichês, com os porquês, me deixei levar, afinal não tinha muito o que perder,
mas poderia ganhar ao menos um amigo ou um emprego.
Sentada de frente para espelho do restaurante do
hotel analisava meticulosamente a imagem refletida, cada detalhe do meu rosto,
meu cabelo solto, sentia-me confiante de batom vermelho. Enquanto esperava por
ele tentava não me empolgar muito com expectativas e controlar minha mente
fértil. De uma hora para outra uma mulher completamente segura parecia ter
voltado a ser uma adolescente, no auge da puberdade, cheia de duvidas e
inseguranças.
- Boa noite. – a voz fez-me virar rapidamente o
corpo para que meus olhos pudessem ver o que minha mente já imaginava.
E fiquei surpresa, ele estava perfeito. O terno
preto parecia desenhar sutilmente seu corpo forte, instigando mais ainda minha imaginação
e meu desejo.
- Oi. – respondi sorrindo.
- Você me deixa curioso. – comentou enquanto sentava-se
e pedia ao garçom um uísque. – Não consigo te ler – finalizou olhando-me
fixamente nos olhos.
- Ler? Não sou um livro. – comentei curiosa com um
sorriso discreto.
- Isto é realmente uma pena. – afirmou, tocando levemente
em minha mão que estava sobre a mesa.
E novamente uma onda de calor percorreu-me. O toque
quente fez meu corpo arrepiar-se, fiquei com vontade de tirar minha mão, mas
não tive coragem suficiente para isto.
- Está com medo de mim? – perguntou com um sorriso
no canto dos lábios que era particularmente instigante.
Tinha vontade de beija-lo.
- Não, deveria? – respondi com outra pergunta
enquanto mordia o lábio.
- Sim... – disse sorrindo - Se não quiser ser
beijada essa noite. – concluiu bebendo um gole generoso do uísque que havia
pedido.
Minha boca ficou seca e aquelas palavras fizeram com
que subisse um frio pela minha espinha.
Não consegui dizer nada e ele sorriu.
Durante o jantar varias vezes tocou em minha mão e
eu estava gostando mais do que o esperado esse contato. Novamente conversarmos
muito, por diversas vezes ele me fez gargalhar, já estava totalmente à vontade
ao seu lado, fazia-me sentir bem, leve, protegida e principalmente instigada,
com um frio no estomago, como se mil borboletas estivessem voando sem rumo
dentro de mim. Mas não conseguia tirar da minha mente o que ele havia dito no
começo da noite, sobre me beijar. A cada gole que ele dava de seu uísque, mais
seca minha boca ficava, estava louca para esse momento chegar, tanto que quase
estava tomando a iniciativa.
- Obrigada pelo dia e pelo adorável jantar. –
agradeci parada na porta do meu quarto enquanto me despedia frustrada.
A noite não estava acabando conforme meu planejado.
De repente senti um estalo dentro de mim, minha
mente se desligou e um turbilhão de sensações começaram a me percorrer por
inteira... Suas mãos firmes me puxaram rapidamente pra junto ao seu corpo forte
e apertaram minha cintura, por uns instantes olho-me nos olhos à procura de
algo que o impedisse de continuar e então me beijou, seu beijo era quente e
inesquecivelmente gostoso. Entreguei-me enlaçando meus braços em seu pescoço,
sentia como se fosse derreter, estava em outra dimensão. Ficamos assim, colados
nos beijando por alguns minutos e eu não queria que acabasse.
- Eu que agradeço e gostaria de poder lhe ver amanha
novamente. – disse me soltando e sorrindo.
Quase pulei em seus braços para ser beijada mais uma
vez, não estava me reconhecendo, estava patética!
- Claro. – concordei sorrindo e passando a língua em
meus lábios, ainda sentia o sabor do seu beijo.
- Boa noite senhorita Vieira. – disse passando os
dedos em meu rosto com carinho.
Segurou minha nuca e beijou-me novamente os lábios,
só que desta vez levemente.
- Boa noite, até amanha. – conclui fechando
lentamente a porta do quarto enquanto ainda olhava para ele.
Corri para cama onde me joguei, deixando o toque
suave dos lençóis massagearem meu corpo.
O que estava fazendo?!
Naquela
noite novamente não dormir direito, isto já estava virando mania, meus
pensamentos voavam longe e eu me perdia neles. Estavam no Enzo, no seu sorriso,
nos seus olhos e claro imaginando cada centímetro do corpo por baixo daqueles
lindos ternos pretos feitos sobre medida. Tinha que admitir que estava com um
nível bem elevado de desejo, ele era extremamente provocante e eu estava
solteira a um certo tempo.
Assim que o dia nasceu experimentei tudo que
tinha levado e cheguei a triste conclusão de que estava precisando comprar
roupas urgentemente, o frio também não estava colaborando comigo, não me
deixava muitas opções.
O som
estridente do celular tocando me tirou totalmente a concentração sobre o dilema
de minhas roupas e olhar no visor do aparelho não me deu a menor vontade de
atender...
- Só um minuto – me assustei com as batidas na
porta, não tinha pedido nenhum serviço de quarto – Sim... –
Perdi a
fala quando o vi, estava de moletom e camiseta branca com os braços para cima,
apoiado no portal da porta, o que deixou evidente sua musculatura definida e algumas
tatuagens.
- Vejo que
lhe assustei. – disse calmamente com um sorriso sedutor no canto do lábio.
Claro que
estava assustada não esperava por ele, ainda estava de hobby, pois não havia me
decidido o que vestir e muito constrangida.
- Um pouco.
– respondi sorrindo timidamente.
- Desculpe.
– disse entrando no meu quarto sem ser convidado – Não foi minha intenção.
- Então
qual era sua intenção? – perguntei fechando a porta do quarto com muita
malícia.
- Está.
Suas mãos
foram rápidas em me puxar sem hesitação, segurou em meu rosto, olhou-me nos
olhos por uns instantes e me beijou. Desta vez o beijo foi muito mais forte...
Para mim, ainda melhor que o primeiro. Entreguei-me, era um turbilhão de
sensações percorrendo cada extremidade do meu corpo novamente. Nunca havia sido
beijada daquela forma, tão intenso, tão urgente...
-
Novamente Manoela, desculpe-me. – pediu me soltando brutalmente e se afastando
– Não sei por que bati em sua porta, não dormi muito bem. – explicou olhando-me.
- Também
não tenho dormido muito ultimamente – disse me aproximando a ele lentamente.
Estava
frustrada pela ruptura do beijo.
- Devo lhe
dizer que pensei em você a noite toda. – confessou tocando meu rosto com
carinho.
Meu
sorriso foi instantâneo.
- Confesso
que também pensei em você. – disse olhando em seus olhos e mordendo os lábios.
Queria ser
beijada.
Acariciou
meu rosto, seus dedos lentamente tocaram meus lábios e então me beijou com
vontade. Suas mãos seguraram firme em minha cintura e apertavam minha pele
coberta pelo fino tecido do hobby, coloquei meus braços em volta de seu
pescoço. Podia sentir claramente o desejo nele, eu também o queria... Tirou sua
camiseta, revelando seu tórax forte e cheio de tatuagens, era perfeito. Puxou devagar
a fita do hobby, enquanto me olhava nos olhos, fazendo-o abrir e deixando-me
exposta, apenas de peças intimas. Senti seu toque quente em minha pele, meu
corpo se arrepiou com o contato... Então voltou a me beijar enquanto apertava
fortemente seu corpo contra o meu e suas mãos me acariciavam.
Estava
atordoada, seus lábios eram saborosos e seu cheiro hipnotizante.
- Ainda
não! – avisei afastando-me com dificuldade e amarrando novamente meu hobby - Gostaria
que nos conhecêssemos melhor... – pedi confusa.
Precisava
ir com cuidado e com mais calma.
- Claro.
- Sei que moramos em cidades distantes, mas
não acredito ser empecilho. – explique orando para que concordasse.
- Volto
para o Brasil hoje, não posso ficar para o último dia tenho compromissos
urgentes me aguardando, mas assim que puder vou lhe ver em Recife. – concluiu
me beijando carinhosamente. – Me acompanha no café da manhã. – sugeriu vestindo
a camiseta e voltando a sorrir de forma provocante.
- Claro
vou me trocar, só um minuto. – respondi deixando-o sozinho.
Passamos a
amanha e boa parte da tarde juntos e mais uma vez esqueci-me do que realmente havia
ido fazer naquela cidade. Ele estava sendo extremamente carinhoso e muito
romântico, quase não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Em minha
mente realista e ligeiramente insegura esses encontros e romances só aconteciam
nos filmes ou em lendas urbanas.
Era meu
último dia naquela cidade maravilhosa e não queria sair da cama o sono
finalmente estava tomando conta de mim e claro mais uma vez fui para o mundinho
dos meus pensamentos e devaneios que agora tinham uma nova fonte de inspiração.
Isto me fez sorrir!
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